Boaventura de Sousa Santos ministra palestra no Teatro Universitário nesta terça, 11

10/12/2018 - 17:15  •  Atualizado 12/12/2018 08:25
Compartilhe

Encerrando a programação do evento 21 Dias de Ativismo pelos Direitos Humanos, a Ufes recebe nesta terça-feira, 11 de dezembro, o professor catedrático da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, que vai ministrar a palestra As Epistemologias do Sul e a Defesa da Universidade, às 18h30, no Teatro Universitário. Após a palestra, haverá noite de autógrafos.

Devido à grande repercussão da palestra no meio acadêmico, foi realizada uma inscrição prévia para adequar o número de interessados à capacidade do Teatro. Para atender ao público, haverá transmissão simultânea do evento no Cine Metrópolis e pela internet, por meio do endereço https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/webconf-ufes .

Boaventura de Sousa Santos é professor e pesquisador, sociólogo, filósofo, cientista social, escritor, historiador e poeta. É doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, Connecticut (EUA), professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal) e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA). Foi também Global Legal Scholar da Universidade de Warwick (Reino Unido) e professor visitante do Birkbeck College da Universidade de Londres. É diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

Boaventura de Sousa Santos começou a sua trajetória intelectual ainda sob a ditadura de Antonio de Olivera Salazar, em Portugal, que permaneceu no poder de 1932 até 1968. O professor militava no movimento católico progressista, que enfrentava forte repressão do ditador. Cursou Direito em Coimbra, em 1963, e depois foi estudar Filosofia na Universidade de Berlim (Alemanha). Regressou a Portugal e em 1969 foi para a Universidade de Yale para o doutorado, a partir de pesquisas realizadas na América Latina, em maior volume no Brasil. Sua opção pelo Brasil traz um simbolismo emotivo, já que os seus avós, com a ditadura, haviam imigrados para o Rio de Janeiro para trabalhar na instalação de infraestrutura para bondes.

Dignidade e cidadania

Em sua carreira, o pesquisador desenvolveu estudos antropológicos em favelas do Rio, escapando de conceitos desenvolvidos por estudiosos americanos que definiam as favelas em dois polos: a visão de que aquelas comunidades eram formadas por bandidos, e que constituíam um sistema de ilegalidade; e outro que glamourizava a favela como alternativa habitacional curiosa. Boaventura buscava outras respostas. Seus estudos apontavam para outro posicionamento, em que as pessoas, mesmo em condição de elevada pobreza, buscam dignidade e cidadania. O pesquisador chegou a morar por seis meses na favela do Jacarezinho, no Rio, para estabelecer aproximação direta com o cotidiano da comunidade.

Chamado de pensador da resistência e otimista trágico, o intelectual português já produziu mais de 30 livros, e sua obra está publicada em português, inglês, italiano, espanhol, alemão, francês, chinês e romeno. É ele quem diz: “Ser um otimista trágico é ter uma atitude de profundo conhecimento das dificuldades com as quais nos defrontamos; é nunca subestimar as dificuldades na construção de um mundo melhor, mas acreditar que as coisas não estão todas decididas; e que o mundo não continuará a ser tão injusto. Soluções mais progressistas, emancipatórias, justas, equilibradas, com mais respeito à diversidade cultural são possíveis. O otimismo trágico é exatamente essa confluência da consciência das dificuldades e a ideia de que elas são superáveis”.

O evento 21 Dias de Ativismo pelos Direitos Humanos, teve início no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, com o hasteamento da bandeira dos Direitos Humanos em frente ao Teatro Universitário. 

 

Conheça livros de Boaventura publicados em português:


Pneumatóforo. Escritos Políticos, 1981-2018. Coimbra, Almedina, 2018
Esquerdas do mundo, uni-vos! São Paulo, Boitempo, 2018
As bifurcações da ordem. Revolução, cidade, campo e indignação. Coimbra, Almedina, 2017
A difícil democracia. Reinventar as esquerdas. São Paulo, Boitempo, 2016
As bifurcações da ordem. Revolução, cidade, campo e indignação. São Paulo, Cortez, 2016– A justiça popular em Cabo Verde. São Paulo, Editora Cortez, 2015
O direito dos oprimidos. São Paulo, Editora Cortez, 2014
A cor do tempo quando foge. Uma história do presente – crônicas 1986-2013. São Paulo, Editora Cortez, 2014
– Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. São Paulo, Cortez Editora, 2013
– Pela mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade - 9ª edição, revista e aumentada. Coimbra, Almedina, 2013. Também publicado no Brasil, pela Editora Cortez (14ª edição, revista e aumentada)
– A cor do tempo quando foge - vol. 2. Crónicas 2001-2011. Coimbra, Almedina, 2012
– Portugal. Ensaio contra a autoflagelação. Coimbra, Almedina, 2011. Também publicado no Brasil, pela Editora Cortez. Segunda edição aumentada, em 2012
Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo, Editora Cortez, 2007
Poderá o direito ser emancipatório? Vitória, Faculdade de Direito e Fundação Boiteux, 2007
Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo, Boitempo Editorial, 2007
A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. Porto, Afrontamento, 2006. Também publicado no Brasil, São Paulo: Editora Cortez, 2006 (2ª edição)
Fórum Social Mundial: Manual de Uso. São Paulo: Cortez Editora. Também publicado em Portugal, Porto, Afrontamento, 2005
A Universidade no Séc. XXI: Para uma Reforma Democrática e Emancipatória da Universidade. São Paulo, Cortez Editora, 2004 (3ª edição)
Democracia e Participação: O Caso do Orçamento Participativo de Porto Alegre. Porto, Afrontamento, 2002
A Cor do Tempo Quando Foge. Crónicas 1985-2000. Porto, Afrontamento, 2001
A Crítica da Razão Indolente: Contra o Desperdício da Experiência. Porto, Afrontamento, 2000 (2ª edição). Também publicado no Brasil, São Paulo, Editora Cortez, 2000 (7ª edição)
Reinventar a democracia. Lisboa, Gradiva (2ª edição), 1998
Pela Mão de Alice: O Social e o Político na Pós-Modernidade, Porto, Afrontamento, (8ª edição), 1994. Prémio Pen Club Português (Ensaio). Também publicado no Brasil, São Paulo: Editora Cortez, 1995 (12ª edição)
Estado e Sociedade em Portugal (1974-1988). Porto, Afrontamento, 1990 (3ª edição)
Introdução a uma Ciência Pós-Moderna. Porto, Afrontamento, 1989 (6ª edição) Também publicado no Brasil, São Paulo: Graal (3ª edição)
Um Discurso sobre as Ciências. Porto, Afrontamento, 1988 (15ª edição); Também publicado no Brasil, São Paulo: Editora Cortez, 2003 (7ª edição em 2010)

 

Texto: Thereza Marinho e Luiz Vital