Cine Metrópolis apresenta mostra sobre cineasta capixaba Orlando Bomfim

25/10/2018 - 11:41  •  Atualizado 26/10/2018 18:36
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O Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras da Ufes, apresenta nesta sexta-feira, 26, a Mostra Acervo Capixaba – Orlando Bomfim, netto, trazendo seis obras restauradas e digitalizadas do documentarista capixaba Orlando Bomfim Netto (foto), que estará presente para um bate-papo com o público após a exibição dos filmes. Com início às 19 horas, o evento marca o lançamento da Mostra, tem entrada gratuita e é aberto à comunidade em geral.

Os curtas exibidos têm entre nove e 26 minutos de duração. Dentre os filmes digitalizados e que serão apresentados ao público estão Tutti Tutti Buona Gente, Propriamente Buona, de 1975, que retrata a colonização italiana no Espírito Santo sob o ponto de vista da cidade de Santa Teresa; Canto para a Liberdade – A Festa de Ticumbi, de 1978, sobre a manifestação cultural realizada pela comunidade negra em Conceição da Barra; Mestre Pedro de Aurora, Pra Ficar Menos Custoso, também de 1978, sobre o último tirador de jongo de raiz; Itaúnas: Desastre Ecológico, de 1979, que fala sobre o desmatamento que tornou a região inabitável; Augusto Ruschi Guainunbi, de 1979, que enfoca estudos científicos do pesquisador Augusto Ruschi na preservação da natureza; e Dos Reis Magos dos Tupiniquins, de 1985, que conta a história do Brasil tendo como pano de fundo os movimentos culturais na Vila de Nova Almeida e a restauração da Igreja dos Reis Magos.

Há ainda o documentário O Bondinho de Santa Teresa, de 1978, que foi restaurado, mas não será exibido. “Nossa intenção, nesse momento, é privilegiar as obras capixabas e este filme foi produzido no Rio de Janeiro”, explica o cineasta e professor de Artes Marcos Valério Guimarães, realizador do projeto.

Projeto Acervo Capixaba

Marcos Valério vinha trabalhando na restauração e digitalização dos filmes há cerca de um ano, contando com apoio da Pique Bandeira Filmes e recursos do Governo do Estado. O intuito do projeto Acervo Capixaba é difundir os curtas das décadas de 1970 e 1980 de Orlando Bomfim, tornando acessíveis produções do cineasta, pioneiro na cultura cinematográfica do Espírito Santo. “A filmografia do Orlando cobriu um espaço e um tempo aqui no estado em que não houve nenhuma produção. Ele trouxe melhorias nas condições de trabalho e uma tecnologia do fazer cinema num momento de muita riqueza para o cinema brasileiro, mas de um grande vazio para o Espírito Santo”, explica.

O projeto envolveu a busca de matrizes em película, com negativos encontrados no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e cópias em 16 e 35 milímetros que estavam em poder do próprio Orlando ou em acervos, como o Arquivo Público do Espírito Santo. Alguns títulos, que se encontravam mais danificados, passaram por restauração digital parcial; outros foram apenas digitalizados. “Foi um trabalho de muita delicadeza, de fazer todo o processo de ajustes de elementos, remasterização de cores e sons. É aquela questão de cuidar de cada segundo do filme, de olhar, de observar, que demandou um bom tempo”, diz o professor, que contou com o auxílio de Vitor Graize na produção e dos técnicos Igor Pontini (imagem) e Hugo Reis (som).

As produções de Orlando, originadas no período da ditadura militar, circularam por todo o país num momento em que havia a obrigatoriedade de exibição de curtas nacionais antes dos longas estrangeiros, e participaram de importantes festivais, como os de Gramado e Brasília. O documentarista foi o primeiro cineasta a registrar, sistematicamente, aspectos da cultura do Espírito Santo em filmes que se tornaram peças importantes do patrimônio histórico capixaba. “Orlando fez uma cinematografia sobre a cultura, a política, o meio ambiente e sobre todo um ativismo de afirmação da nossa identidade. Essa é a importância dos filmes do diretor”, conclui Marcos.

 

Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho