Conselho Universitário concede título de Doutor Honoris Causa a Leonardo Boff

04/07/2018 - 17:07  •  Atualizado 10/07/2018 12:53
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O Conselho Universitário (Consuni) da Ufes aprovou, no último dia 28, a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao teólogo e escritor Leonardo Boff. A mensagem propondo a outorga do título foi encaminhada pelo reitor Reinaldo Centoducatte e aprovada por unanimidade.

Na mesma sessão, o Consuni também aprovou, por unanimidade, a concessão do título de Professora Emérita à escritora e professora Ester Abreu Vieira de Oliveira, que atua como docente voluntária e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Letras, do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN) da Ufes.

O título de Doutor Honoris Causa é atribuído à personalidade que tenha se distinguido pelo saber e pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. A aprovação do Conselho Universitário foi tomada após análise do parecer favorável da Comissão de Assuntos Didáticos, Científicos e Culturais do Consuni.

Já a concessão do título de Professor Emérito é um reconhecimento da Universidade a quem atingiu elevado grau de relevância em suas atividades acadêmicas, e que contribuíram decisivamente para a produção do saber, para a busca da ciência, para a multiplicação do conhecimento e para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão.

Leonardo Boff

Doutor em Teologia pela Universidade de Munique, Alemanha, Boff é professor universitário, intelectual de elevada produção e militante das causas sociais, reconhecido internacionalmente por sua criação bibliográfica. Foi membro da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) e professor emérito de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia Filosófica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

De acordo com o reitor Reinaldo Centoducatte, o reconhecimento da Universidade é representativo. “Leonardo Boff se destaca em todo mundo pela sua perseverante e engajada defesa dos direitos humanos, dos pobres e excluídos, e das causas ambientais, além de qualificada e extensa produção bibliográfica que é referência para pesquisadores das ciências sociais em diferentes países”, ponderou.

Boff foi professor visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suiça) e Heidelberg (Alemanha), e obteve o título de doutor Honoris Causa pelas universidades de Turim (Itália), de Lund (Suécia), das Faculdades EST de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, e da Universidade de Rosário (Argentina). Foi homenageado com o título de Professor Honorário pela Universidade de São Carlos (Guatemala), e pela Universidade de Cuenca (Equador). Foi assessor da Presidência da Assembleia da Organização das Nações Unidas (2008-2009), e participou do Grupo de Reforma da ONU em relação à Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade.

Por suas concepções filosóficas e teológicas, foi chamado ao Vaticano em 1984 e punido com o “silêncio obsequioso” pela Sagrada Congregação para Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício – tribunal criado na Idade Média), por criticar a estrutura e a hierarquia clerical da Igreja em suas teses publicadas em seu famoso livro Igreja: carisma e poder (1984). Após ser condenado, deixou a Ordem dos Franciscanos. A partir de 1985 deixou de ocupar sua cadeira magistral e suas atividades editoriais na Igreja e, em 1986, recuperou suas atividades. Em 1992, renunciou às funções eclesiásticas – que exerceu desde 1964, ano em que foi ordenado padre. A data da sessão solene do Conselho Universitário para entrega do título a Leonardo Boff ainda não está definida.

Ester Abreu

A professora Ester Abreu possui graduação em Letras Neolatinas pela Ufes (1960), especialização em Filologia Espanhola em Madri (1968), mestrado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1983), doutorado em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e pós-doutorado em Filologia Espanhola em Madri (2003). Aposentada, a professora mantém suas atividades como voluntária na Ufes, atuando em pesquisas na área de Estudos Literários no mestrado e doutorado em Letras.

A professora foi diretora de pesquisa e pós-graduação do Centro de Ensino Superior de Vitória, e tem destacada atuação na área de Letras com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas, além de estudos sobre poesia, teatro e narrativas da literatura hispânica e brasileira. Ester pertence à Academia Espírito-santense de Letras, à Academia Feminina Espírito-santense de Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, à Associação Brasileira de Hispanistas, e à Asociación Internacional de Hispanistas.

Com intensa produção intelectual, a também historiadora e poeta Ester Abreu Vieira de Oliveira possui vasta obra, onde se destacam livros como Estudio de verbos españoles, O mito de Don Juan e sua relação com Eros e Tanathos, Ensaios sobre dramaturgia – do clássico contemporâneo, Ultrapassando fronteiras em metapoemas, O teatro se subjuga ao poder? Ideias esquartejadas sempre renascem, Recordações de Muqui, cidade menina em prosa e verso, entre outros.

 

Texto: Luiz Vital
Edição: Thereza Marinho