Especial: Núcleo de extensão da Ufes promove inclusão sociodigital

26/07/2013 - 17:05  •  Atualizado 29/07/2013 12:44
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Por Luiz Vital

Em 2005, numa época em que o acesso ao computador ainda era muito restrito, mesmo no ambiente universitário, e em que a internet era um sonho possível somente para poucos, nasceu o Núcleo de Cidadania Digital (NCD), um programa de extensão da Ufes em parceria com a Petrobras, que patrocinou as primeiras instalações. Pioneiro no Estado, seu objetivo era se antecipar ao futuro e promover a inclusão sociodigital de pessoas excluídas desse universo. Passados oito anos, o NCD possui um cadastro de 9 mil usuários, recebe 120 visitas diárias, capacita gratuitamente 60 pessoas por mês, e realiza o atendimento de 2 mil pessoas mensalmente, com meta de alcançar 3.200 até 2014.

Com 32 bolsistas de diferentes centros de ensino da Ufes – Tecnológico, Artes, Educação, Ciências Humanas e Naturais, Ciências Jurídicas e Econômicas – o programa de extensão é coordenado pelo professor Roberto Garcia Simões, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Instalado no Centro de Vivência, no campus de Goiabeiras, Vitória, o NCD é hoje uma das mais importantes ações extensionistas da universidade, e atende principalmente ao público da Região Metropolitana da Grande Vitória.

O perfil dos seus usuários, segundo explica Simões, é de pessoas de baixa renda em busca de acesso às tecnologias de informação e comunicação. Também buscam o NCD pessoas que querem qualificação profissional para a sua inserção no mercado de trabalho, além de outras que procuram aprendizado na operação de ferramentas que aperfeiçoem as suas tarefas cotidianas.

Segundo Simões, os cursos do NCD são abertos à comunidade, para pessoas com idade superior a 12 anos. Cada turma é formada com 18 pessoas. A divulgação dos cursos é feita por meio de mídia externa à Ufes, com adesivos afixados em ônibus do sistema de transporte coletivo, e nas redes sociais – Facebook e Twitter. “Sempre temos turmas cheias”, comemora o professor.

O núcleo também trabalha com públicos específicos. Recentemente ofereceu cursos para integrantes do projeto de extensão Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) da Ufes, e para moradores da comunidade de São Benedito, em Vitória. “Temos outras experiências nessa linha e o resultado tem sido muito produtivo”, assinala. Com 18 computadores conectados à internet, o laboratório climatizado do núcleo permite o acesso livre para a acessibilidade de idosos e deficientes visuais e motores.

Ensino, pesquisa e extensão

O NCD foi idealizado, inicialmente, para possibilitar o acesso da população aos softwares livres, que são códigos abertos que possibilitam downloads gratuitos de diferentes programas. “O núcleo trabalha com o Linux, um sistema operacional livre, e por meio dele as pessoas são capacitadas e ganham autonomia para operar as inúmeras ferramentas do computador”, afirma Héglio Ráines, estudante de Engenharia Elétrica e diretor-gestor do NCD. “O programa propicia, também, a sua interação entre a extensão, o ensino e a pesquisa, incluindo diferentes áreas, como as engenharias, Comunicação Social e Ciências Sociais, com potencial para se inserir em outras”, acrescenta Roberto Simões.

De acordo com Héglio Ráines, o objetivo do núcleo não é somente ensinar a operar determinados programas, mas obter conhecimento sobre como utilizar a tecnologia disponível nas ações do dia a dia. Segundo ele, o NCD oferece à comunidade um curso dividido em quatro etapas, como pacote introdutório. O primeiro, inicial e básico, oferecido em cinco aulas, ensina a se trabalhar com o mouse e teclado. O segundo, de iniciação e contato com a máquina, ensina o usuário em cinco aulas a conhecer o computador, suas peças, para que servem e como funcionam.

O terceiro curso, em seis aulas, é de internet básica, onde o usuário conhece o funcionamento da rede, como pesquisar, localizar informações e arquivos, criar endereços de e-mail, entre outras possibilidades. O quarto curso, em nove aulas, é de Linux básico, de conteúdo mais técnico e avançado, onde o usuário aprende a instalar programas. Em outra etapa, no chamado curso de escritório, com o pacote “Libre Office”, o usuário aprende a trabalhar com editor de textos, editor de planilhas e editor de apresentação, em ferramentas análogas ao World, Excel e PowerPoint.     

Tela Cidadã

Fonte de pesquisa disponibilizada na internet, o NCD criou em 2011 o Tela Cidadã – www.telacidada.org – um portal online de transparência pública que reúne indicadores e gráficos sobre a vida institucional e política do país, a partir do novo conceito surgido com a Lei de Acesso à Informação. “O projeto é precursor no Espírito Santo, na sua proposta de extrair, processar e divulgar informações públicas em linguagem acessível”, afirma Roberto Simões. Segundo ele, o projeto está entrando em nova fase, em que as informações disponibilizadas se tornarão mais didáticas.

No primeiro momento, o Tela Cidadã trabalhará com dados relacionados aos gastos dos parlamentares dos legislativos estadual e federal. “Não teremos uma tela estática, mas sim um conjunto de informações, a partir de um banco de dados onde será possível conhecer e comparar situações, de modo a estimular o debate, principalmente por meio das redes sociais”, diz.

Nota máxima

Este ano o NCD foi contemplado pelo edital nacional do Programa de Extensão Universitária (Proext/2014) do Ministério da Educação, em cujo processo obteve nota máxima na avaliação. “Isto evidencia que a Ufes está consolidando as suas iniciativas na área de extensão”, sustenta Roberto Simões. Segundo ele, com os recursos que serão obtidos por meio do Proext/MEC, o núcleo deverá modernizar as suas instalações, adquirir novos equipamentos e, com isto, avançar em outras propostas, ampliando significativamente as possibilidades de atendimento à comunidade com mais qualidade.

Ensino a distância

Uma das ações que estão sendo trabalhadas pelo NCD no projeto aprovado pelo Proext/MEC está a de oferta de cursos na modalidade a distância, em parceria com o Núcleo de Processamento de Dados (NPD) da Ufes. A partir das experiências aplicadas pelo Núcleo de Educação Aberta e a Distância (Ne@ad) da Ufes, e de outras, o NCD prepara este novo salto para 2014, com o uso da plataforma online. Assim, de acordo com Héglio Ráines, os cursos do núcleo poderão ser acessados por um universo muito maior de pessoas, com foco em todas as regiões do Espírito Santo. As vídeoaulas deverão ser oferecidas via You Tube, com cursos no Moodle – plataforma de ensino. “As perspectivas para 2014 são muito positivas”, conclui Roberto Simões.