Pesquisa sobre nova medicação contra a tuberculose é publicada na The Lancet

14/09/2018 - 17:53  •  Atualizado 18/09/2018 16:18
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A revista científica The Lancet - uma das mais antigas e reconhecidas revistas médicas do mundo, com elevado fator de impacto na comunidade científica - publicou esta semana (edição 10.150) o artigo Correlatos de tratamento de resultados bem-sucedidos na tuberculose pulmonar resistente a múltiplas drogas: uma meta-análise de dados de pacientes individuais, de autoria dos pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia da Ufes com a participação da da enfermeira do Hospital Universitário (Hucam-Ufes), Geisa Fragona, à época doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

O artigo apresenta resultados da pesquisa que vem sendo realizada para estimar as taxas de sucesso do tratamento com o uso de drogas individuais, apresentando também a quantidade ideal de medicação e a duração do tratamento com esses medicamentos em pacientes com tuberculose multirresistente.

“Estamos contribuindo para esse esforço internacional que vem sendo realizado para eliminar a tuberculose. Estamos trabalhando para a revisão do tratamento, de modo a torná-lo mais eficaz. A publicação deste artigo é um marco para a nossa Universidade”, afirma a professora, pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Epidemiologia da Ufes, Ethel Maciel.

Nova medicação

Em abril deste ano, a pesquisadora apresentou ao Ministério da Saúde dois estudos que integram o Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Um deles, abordado no artigo publicado pela The Lancet, trata de uma nova forma de administração do medicamento isoniazida aos pacientes com tuberculose.

Agora com 300 miligramas, essa nova dosagem permitirá a substituição de três comprimidos diários de 100 miligramas por apenas um comprimido de 300 miligramas. A nova formulação do medicamento é fruto de um estudo realizado por pesquisadores de vários estados, sob a coordenação da Ufes.

Outro estudo que será apresentado analisa o impacto dos programas governamentais no controle da tuberculose.

Mortalidade

A tuberculose (TB) é a primeira causa de morte entre as doenças infecciosas no mundo (superando a Aids), provocando o adoecimento de cerca de 10,4 milhões de pessoas em 2016. Além disso, a doença se apresenta também em uma versão resistente à medicação, a chamada "tuberculose droga resistente" (TB-DR), que é uma ameaça contínua com 600 mil casos novos com resistência à rifampicina (fármaco mais potente), dos quais 490 mil tinham "TB multirresistente" (TB-MDR). Entre os casos estimados de TB e de TB-DR, respectivamente, cerca de 49% e 60% ocorrem nos cinco países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Em 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) promoveu na Rússia a primeira reunião interministerial na qual foi assinado um acordo para a eliminação da tuberculose. Nesta reunião, ministros da Saúde de diversos países priorizaram a criação de uma rede de pesquisa em tuberculose (rede TB) dos países que compõem o BRICS. Em novembro de 2017 a proposta foi oficializada em uma reunião no Brasil e foram indicados quatro membros de cada país compor a rede, sendo dois representantes do governo e dois da academia, sendo que a professora Ethel Maciel também compõe essa rede de pesquisa. A rede TB dos BRICS é uma inciativa de estado acordada na ONU e que envolve o Ministério da Saúde e o Ministério das Relações Internacionais dos países envolvidos.


Texto: Thereza Marinho