Professora da Ufes participa de descoberta de ovos de Pterossauros na China

07/12/2017 - 09:45  •  Atualizado 11/12/2017 09:14
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Uma rocha com ovos provenientes de vários ninhos de Pterossauros, répteis voadores pré-históricos que viveram entre 220 milhões e 65 milhões de anos, encontrada no deserto de Gobi, na China, por cientistas chineses e brasileiros, agitou os laboratórios de pesquisa em Paleontologia desses dois países, entre eles o grupo de pesquisas do Departamento de Ciências Biológicas/CCHN da Ufes. Isso porque a professora Taissa Rodrigues é uma das integrantes da equipe de pesquisadores que estudaram os 215 ovos desses répteis incrustados em um bloco de arenito de aproximadamente 3 metros quadrados. Essa foi a maior descoberta em relação à quantidade de ovos de Pterossauros encontrada nessa região.

“Fósseis são extremamente raros e, quando encontramos, normalmente dão poucas informações sobre a reprodução de animais extintos. Por meio de achados anteriores, nós já sabíamos que Pterossauros colocavam ovos, e que estes ovos possuíam uma casca macia. Com este achado, nós descobrimos informações sobre o comportamento reprodutivo: que estes répteis possuíam locais de nidificação, nos quais várias fêmeas colocavam seus ninhos próximos uns aos outros. Isso é semelhante ao observado em algumas aves marinhas atuais, por exemplo”, explica a pesquisadora.

A professora Taissa, que é coautora do trabalho e parceira do grupo de pesquisadores do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia, em Pequim (China), desde 2010, diz que esta é a primeira vez que os paleontologistas poderão estudar uma população inteira da mesma espécie. “Nossa questão de pesquisa era saber se os filhotes sabiam voar desde que saíam do ovo. As análises de 12 embriões que foram encontrados dentro dos ovos de Pterossauros da espécie Hamipterus tianshanensis, feitas por meio do auxílio de imagens de tomografia computadorizada, demonstraram que os filhotes, assim que nasciam, conseguiam caminhar, mas não eram capazes de voar”, salienta.

Respostas

A descoberta dos ninhos permitiu responder a essa questão da pesquisa, sugerir que os filhotes precisavam da ajuda dos adultos e que essa espécie formava colônias para se reproduzir. Porém muitas outras questões ainda precisam ser investigadas. “Por exemplo, como os filhotes dessa espécie cresciam? Como eles se comportavam logo após o seu nascimento?”, indaga a professora e toda uma equipe formada por 20 pesquisadores, sendo quatro brasileiros — a professora Taissa, os professores Alexander Kellner, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Juliana Sayão, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além do paleontólogo de Renan Bantim, que acaba de concluir o doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFPE.

“Vários estudantes da Ufes participam de estudos comigo. Mais especificamente, neste ano, eu e uma aluna da graduação em Ciências Biológicas visitamos duas coleções na China. Ela ficou nesse país durante dois anos, pelo programa Ciência Sem Fronteiras”, destaca a professora.

As pesquisas nessa área cresceram também na Ufes. “O nosso grupo de pesquisas em Paleontologia é multicampi. Com a chegada de mais um paleontólogo à Ufes, o nome foi modificado para Grupo de Pesquisas em Paleontologia de Vertebrados, para melhor retratar as nossas pesquisas”, ressalta a professora Taissa.

O artigo completo sobre a pesquisa foi publicado na revista Science e pode ser acessado no link:  http://science.sciencemag.org/content/358/6367/1197

A professora Taissa tem também outros artigos publicados em conjunto com o grupo de pesquisadores do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia, em Pequim (China):

a. Descrição de uma nova espécie de pterossauro da China, denominada Linlongopterus jennyae: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08912963.2015.1033417?journa…;

b. Descrição de um pterossauro fêmea com um ovo ainda dentro de seu abdômen: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0001-3765201500…

c. Descrição de uma nova espécie de pterossauro da China, denominada Hamipterus tianshanensis. Os ovos e embriões estudados agora são desta espécie: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0960982214005259?via%…

d. Descrição de uma nova espécie de pterossauro da China, denominada Ikrandraco avatar: https://www.nature.com/articles/srep06329

e. Descrição de duas novas espécies de pterossauros da China, denominados Kunpengopterus sinensis e Darwinopterus linglongtaensis: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0001-3765201000…

 

Texto: Letícia Nassar