Professores e estudantes lançam documentário sobre refugiados nesta quinta, 9

07/05/2019 - 17:52  •  Atualizado 09/05/2019 17:09
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Abordar os processos de mobilidade que envolvem os migrantes e os refugiados, tratando principalmente da chegada dessas pessoas em seus novos lares. Esse é o mote do curta documental Refúgio, filme produzido como resultado do projeto de extensão homônimo da Ufes, que tem pré-estreia no Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras, nesta quinta-feira, 9, às 20 horas. A entrada é gratuita.

O filme, com duração de 20 minutos, foi produzido por estudantes, profissionais recém-formados, professores e pesquisadores da Universidade. Ele nasceu a partir da preocupação dessas pessoas com o crescente discurso de ódio em relação aos imigrantes recém-chegados ao Brasil. “Nosso objetivo era produzir um conteúdo audiovisual conscientizador em relação à onda de refúgio no Espírito Santo, um estado relativamente pouco procurado pelos imigrantes que chegam ao país”, lembra Willian Loyola, ex-aluno de Cinema e Audiovisual, que atuou na produção do curta.

Em abril de 2017, Willian e o estudante de Direito Hilquias Crispin apresentaram a ideia ao Núcleo de Estrangeiros, Migrantes e Refugiados da Ufes, grupo que presta apoio jurídico aos refugiados no estado. A partir daí, o processo de criação do filme deu-se em parceria com três cursos da Universidade: Cinema e Audiovisual, Música e Direito. Os professores Gabriela Alves (Cinema) e Marcus Neves (Música) foram os orientadores e o projeto ainda contou com o apoio da coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, Brunela Vincenzi, professora de Direito.

“Queríamos fazer um filme tecnicamente bom, no formato de cinema industrial, mas, ao mesmo tempo, éramos uma equipe de universitários, com pouca experiência. Concordamos, portanto, que faríamos um filme-escola, em que professores e alunos se juntariam para um exercício prático do fazer cinema”, explica Willian.

Refúgio

O curta foi filmado nas cidades de Vitória, Vila Velha e Cariacica e aborda não só os motivos da crise humanitária que coloca milhares de pessoas em trânsito, mas, principalmente, a chegada e o recomeço em um novo país. “Queríamos problematizar questões que envolvem o encontro de diferentes culturas, a construção do pertencimento, da identidade e da fé longe das raízes originais desses indivíduos”, analisa a ex-aluna do curso de Cinema e Audiovisual Shay Peled, que dirigiu o filme ao lado da professora Gabriela.

Refúgio trata da riqueza e da resistência das culturas migrantes que vivem no Brasil, de forma a contribuir para a visibilidade e a integração do imigrante. A obra acompanha o cotidiano de cinco personagens, imigrantes e refugiados de países do Oriente Médio e da África: Jouma, da Síria; Irene, de Madagascar; Hadi e Asma, da Líbia; e Haidar, do Iraque. Por meio de entrevistas, a obra leva o espectador a conhecer a rotina e a vida deles, que, atualmente, vivem na cidade de Vila Velha, região da Grande Vitória.

“Para nós, é visível que a luta contra desigualdades políticas e os discursos xenófobos não passam apenas pela legislação, mas também por meio da transformação do imaginário social, que pode ser construída por meio do cinema”, diz Shay.

Aprendizado

O contato com os refugiados durante a execução do filme rendeu vários aprendizados à equipe de produção. “Pudemos entender a burocracia que envolve os processos de refúgio no Brasil e tivemos a oportunidade de nos aproximar de pessoas de outras culturas. Foi interessante constatar o quanto temos em comum, a despeito das diferenças”, lembra Shay.

A expectativa dos envolvidos no projeto é que as pessoas se identifiquem e sintam empatia e curiosidade pelos personagens. “O público vai assistir a um filme sensível, no qual a questão social transpassa o cotidiano, aproximando expectador e personagem”, diz a professora Gabriela.

Após a pré-estreia no Cine Metrópolis, Refúgio terá sua estreia oficial no XIX Encontro de Cinema de Viana, em Portugal, no dia 11 de maio.

 

Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho