Observatório de Tradução da Ufes viabiliza doações internacionais para favelas do Brasil

25/05/2020 - 19:25  •  Atualizado 01/11/2022 09:23
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Com o objetivo de disponibilizar a agentes internacionais informações sobre como realizar doações a coletivos, associações e cooperativas de amparo às comunidades brasileiras, o programa de extensão Observatório de Tradução da Ufes vem realizando traduções para o inglês de dados apresentados na plataforma Wikifavelas Marielle Franco. A ideia é possibilitar que materiais e recursos financeiros também possam ser doados por pessoas ou por entidades de outros países. O trabalho desenvolvido pode ser acompanhado no site https://url.gratis/NuLzB.

A plataforma virtual de acesso público Wikifavelas Marielle Franco (https://wikifavelas.com.br/) foi lançada em abril de 2019 com o objetivo de coletar e produzir conhecimentos sobre favelas. Com o surgimento da COVID-19, a plataforma passou a realizar, também, um mapeamento das iniciativas de contenção da pandemia e amparo socioeconômico em favelas de diversas cidades brasileiras, em especial do Rio de Janeiro. Materiais como pesquisas, reportagens, fotografias, vídeos, comentários, artigos, ensaios e reflexões acadêmicas foram reunidos para apresentar ao público informações, em português, sobre como o novo coronavírus tem impactado a vida das pessoas nas comunidades do Brasil.

“A Wikifavelas dá visibilidade às narrativas produzidas dentro das favelas, sobre as favelas. Entendemos que seria importante disponibilizar esse conteúdo para o inglês, porque há muita demanda de pessoas de fora do Brasil que querem doar. As favelas brasileiras têm muita repercussão lá fora”, conta a professora do Departamento de Línguas e Letras Junia Zaidan, coordenadora do Observatório, que atua como parceira do Wikifavelas desde julho de 2019.

Segundo a coordenadora, toda essa visibilidade, porém, tem pontos negativos, como os processos de “exotização” e “glamurização” das favelas: “Isso não nos interessa e nós devemos lutar contra. Mas, de todo modo, essa visibilidade faz com que as pessoas procurem o Wikifavelas para fazer doações, o que é importante e necessário”.

Homenagem

A vereadora Marielle Franco (1979-2018) foi uma das primeiras apoiadoras do projeto que deu origem à plataforma e seu nome foi dado ao Wikifavelas em homenagem aos trabalhos desenvolvidos por ela nas comunidades. Marielle Franco produziu textos que, depois de sua morte, foram finalizados por seus apoiadores e publicados na plataforma, como os artigos UPP – a redução da favela a três letras (https://url.gratis/7xu7g) e Direito à favela (https://url.gratis/h0LMS), este último em parceria com a deputada estadual e moradora da comunidade da Maré (RJ) Renata Souza.

“A Wikifavelas é uma iniciativa absolutamente maravilhosa por dar voz ao sujeito que está nas favelas, que estuda as favelas. É a favela mesmo que está dizendo o que é a cultura, o que é a violência policial, o que é o racismo. E a plataforma dá visibilidade a tudo isso”, ressalta Junia Zaidan.

Intercâmbio

Criado em 2014 pela professora Junia Zaidan, o Observatório de Tradução da Ufes tem como objetivo possibilitar o intercâmbio cultural de docentes e estudantes de graduação e de pós-graduação da Ufes e da comunidade externa, articulando atividades relacionadas à tradução entre línguas e entre linguagens. Os trabalhos giram em torno tanto da tradução quanto de discussões sobre a natureza, o processo e a importância da atividade tradutória.

Além da professora, atuam no Observatório dez estudantes de graduação e quatro colaboradores externos. Atualmente, três projetos estão em andamento: tradução para o inglês do romance O evangelho segundo satanás, de autoria do professor Luís Eustáquio Soares (DLL); tradução e legendagem, também para o inglês, de vídeos do curso livre O golpe de 2016 no Brasil, ministrado em 2018 na Ufes; e tradução da plataforma Wikifavelas Marielle Franco. Além disso, todos os anos, desde 2015, o Observatório traduz para o português o conteúdo da revista eletrônica Tusaaji, da Universidade de York, em Toronto, Canadá.

“As atividades que realizamos no programa ensejam a manipulação e a produção de textos que serão problematizados e aproveitados para explorar a riqueza semiótica por meio da transdisciplinaridade, do aprimoramento do repertório de técnicas e estratégias tradutórias e da reflexão sobre a experiência vivida enquanto tradutores. Esperamos contribuir para superar o reducionismo da tarefa do tradutor e, por consequência, para o fortalecimento dos estudos de tradução nesta instituição”, conclui a coordenadora.

Mais informações sobre o programa de extensão Observatório de Tradução estão disponíveis no site http://observatoriodetraducao.ufes.br.


Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho