Projetos inovadores e sustentáveis movimentaram o campus de Goiabeiras da Ufes no início desta semana, durante a 2ª edição do InovaES – Feira para o Movimento de Cidades Inteligentes e Inovadoras. Nesta terça e quarta-feira, mais de 20 startups brasileiras apresentaram soluções transformadoras para as vidas das pessoas e das cidades, incluindo quatro empresas incubadas no Espaço Empreendedor da Universidade. O evento ocorreu em paralelo à 5ª Conferência Estadual de Inovação e Tecnologia, que promoveu palestras e debates em torno de temas como investimentos em pesquisa, incentivo à inovação nas empresas e parcerias público-privadas.
Em visita com a Escola Estadual de Ensino Médio Arnulpho Mattos, o estudante do 3º ano João Vitor dos Santos, 18 (na foto, dentro do carro), ficou impressionado com as funcionalidades do carro autônomo desenvolvido pela Lume Robotics, empresa abrigada no Incuba Ufes (programa de incubação da Diretoria de Inovação Tecnológica - DIT, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - PRPPG), com tecnologia do Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAD) da Universidade.
“Não sei se eu conseguiria mexer com essas tecnologias, mas gosto de conhecer coisas diferentes. Pelo que o professor explicou, é uma coisa futurista. Não precisa de motorista, é tudo automático”, disse o estudante. Funcionando a partir de um sistema de inteligência artificial, o carro se encaixa perfeitamente no conceito de cidades inteligentes, segundo o diretor de Gestão da Informação da DIT, Marcelo Sarcinelli, que prevê ganhos em segurança e sustentabilidade.
“No futuro, espera-se que uma cidade inteligente não tenha colisão de veículos, consumo exagerado de combustíveis, entre outras situações que temos hoje”, disse.
Economia e conforto
Expostos em estandes ao lado do carro autônomo, outros projetos incubados na Ufes também se destacaram junto ao público. Um deles foi a empresa Endelevo, criada pelas estudantes de Arquitetura e Urbanismo Juliana Colombo e Gabrielly Rufino, e pelo engenheiro civil João Vitor Freire, vinculado à Universidade pelo Incuba Ufes.
Dentre as tecnologias oferecidas pela Endelevo, estão painéis fotovoltaicos, que captam energia solar para utilização na própria edificação; fachadas ventiladas, refrescando a edificação e diminuindo a umidade; e jardins verticais instalados em paredes, que reduzem a temperatura interna de um cômodo, por exemplo, que esteja exposto ao sol da tarde.
“Pela última medição da empresa, a temperatura interna é reduzida em 12 graus”, afirma Sarcinelli. As estruturas podem ser instaladas de acordo com o projeto da edificação, com design a cargo do cliente. A tecnologia também serve para outras edificações: em um ponto de ônibus em frente à Rodoviária de Vitória, a Endelevo instalou revestimentos e placas solares e eólicas a fim de gerar melhor climatização para os usuários.
Biomaterial
Resultado de uma pesquisa do estudante Rodolpho Barros, sob orientação de Breno Nogueira, professor do Departamento de Morfologia da Ufes, a startup BioBone apresentou um método inovador de produção e uso de biomaterial ósseo para utilização em procedimentos ortopédicos e odontológicos. Desenvolvido a partir de tecido ósseo bovino descelularizado e revestido com matriz extracelular óssea em forma de gel, o material melhora o tempo de cicatrização e tem baixo custo.
“Nós colocamos o material numa bioimpressora e, por meio de um software, indicamos as medidas que precisamos, por exemplo, o tamanho e a dimensão de uma lesão para fazermos o enxerto. Depois, colocamos o hidrogel. Isso vai estimular fibroblastos (célula do tecido conjuntivo) a irem mais rápido para o local”, explicou a pesquisadora Alessandra Gomes, do Laboratório de Ultraestrutura Celular Carlos Alberto Redins (Luccar).
Em abril de 2023, a pesquisa rendeu a 14ª patente para a Ufes. Segundo Gomes, a fase atual da pesquisa lida com células-tronco humanas de polpa de dente. “Vamos ver se o hidrogel estimula a regeneração óssea nesse contexto”, afirmou.
Retardante de chamas
O Espaço Empreendedor da Ufes também apresentou um retardante de chamas da startup B-612 Soluções Sustentáveis, mais eficiente e ambientalmente sustentável que os disponíveis no mercado. Desenvolvido pelas pesquisadoras Heliane Amaral e Tainara Guerra, doutoras em Química pela Ufes, sob supervisão do professor do Departamento de Física Jair Freitas, o produto é constituído por celulose e óxido de grafeno, ou seja, menos poluente em comparação com os demais.
O diferencial do produto desenvolvido na Ufes é a não emissão de fumaça tóxica. Com 90% de celulose em sua composição, caso venha a queimar, a emissão gasosa não será tão tóxica quanto as outras, o que o torna sustentável, além de biodegradável.