Ufes reafirma posição contra fracionamento em audiência com governador do ES

25/10/2021 - 19:17  •  Atualizado 01/11/2022 09:26
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Prédio de dois andares, de tijolinhos, onde funciona a administração central da Ufes, no campus de Goiabeiras.

O reitor da Ufes, Paulo Vargas, e o vice-reitor, Roney Pignaton, acompanhados da diretora do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE), Louisiane Nunes, bem como da diretora e do vice-diretor do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), Taís Cristina Soares e Gláucio Cunha, respectivamente, apresentaram em audiência com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a posição contrária à possibilidade de fracionamento da Universidade para criação de uma outra instituição, a partir do desmembramento do campus de Alegre. 

Na reunião, realizada nesta segunda-feira, 25, foi informado ao governador o posicionamento do Conselho Universitário, consoante a Nota Pública aprovada na sessão extraordinária de 15 de outubro, o endosso do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão à essa mesma nota, além dos posicionamentos dos conselhos departamentais do CCAE e do CCENS.

O reitor e demais representantes da Ufes manifestaram ao governador preocupação com a possibilidade de criação de uma universidade que não traz nenhum benefício ao sistema educacional e à população, uma vez que não resulta na ampliação da oferta de vagas e de cursos, e no incremento da pesquisa e da extensão, além de não apresentar um projeto articulado ao desenvolvimento da região sul e do estado.

Pelo o que tem sido anunciado, estão previstos, unicamente, investimentos na criação de cargos de direção, funções gratificadas e de poucos técnicos necessários à constituição da Administração Central da nova instituição, sem contratação de novos docentes e técnicos para os atuais centros de ensino ou investimentos em infraestrutura física e equipamentos. Foi pontuado que “trata-se de uma proposta de interesse meramente político, que apenas onera o sistema universitário federal com a criação de cargos, sem vantagens concretas para o sistema de ensino superior no nosso estado, o que muito nos preocupa neste momento em que todas as universidades têm sofrido cortes contínuos de verbas e apresentam dificuldades para fazer face a todas as suas demandas”, afirmou o reitor Paulo Vargas.

Também foi demonstrado ao governador que a forma como o projeto vem sendo colocado, sem debate e sem transparência, não deixa claros os cenários futuros para as duas instituições, a Ufes e a que se propõe instituir. Paulo Vargas expressou ao governador o receio da comunidade universitária de que a retirada de uma parte da Ufes resulte no seu enfraquecimento, o que seria prejudicial não apenas para a instituição, mas também para o Espírito Santo.

Por outro lado, conforme foi salientado pelas diretoras do CCENS e do CCAE, a nova instituição criada, considerando o seu porte e o conjunto de carências que pode acumular, além da dificuldade de financiamento e manutenção, captação de recursos para ações de pesquisa e extensão, corre, inclusive, o risco de ver diminuída a atratividade dos cursos ofertados atualmente no âmbito do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O governador Renato Casagrande se propôs a viabilizar uma interlocução com o Ministério da Educação, de modo a possibilitar o diálogo e a exposição das preocupações manifestadas pelos dirigentes da Ufes. O reitor e os demais representantes presentes à reunião ressaltaram ainda que a Ufes não se coloca contrária à criação de uma nova universidade, desde que se trate realmente de uma instituição de ensino pautada em um projeto tecnicamente bem planejado e com investimentos adequados, capaz de trazer, de fato, benefícios para a população e para o desenvolvimento do estado, sem colocar em risco o processo de fortalecimento da Ufes, que tem sido conquistado com muito afinco pelo conjunto de sua comunidade universitária nesses seus 67 anos de existência.