Pesquisa aponta impactos da pandemia sobre a comunidade universitária

27/04/2020 - 11:14  •  Atualizado 28/04/2020 14:46
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Uma enquete enviada por e-mail a estudantes, professores e técnicos-administrativos da Ufes levantou a percepção da comunidade universitária acerca do momento de pandemia com isolamento social para conter o avanço dos casos de COVID-19. Organizada pelo Núcleo de Pesquisa, Inovação e Planejamento Socioeconômico (Nupla), vinculado ao Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), a enquete virtual ficou disponível para respostas no período de 10 a 16 de abril. Dos cerca de 29 mil questionários enviados por e-mail, 3.815 foram respondidos, sendo a maioria (88,3%) estudantes de cursos de graduação da Ufes. A faixa etária predominante foi de 18 a 25 anos (72%).

“Observamos que há grande adesão às orientações da Organização Mundial de Saúde, um receio significativo em relação à pandemia e um pessimismo generalizado em relação ao futuro, com muitas incertezas sobre os impactos da COVID-19 no Brasil”, avalia o professor do Departamento de Ciências Sociais Marcelo Fetz, coordenador do Nupla ao lado do professor André Ghizelini.

Isolamento

Dos 3.815 entrevistados, 83% afirmaram que estão respeitando as orientações da OMS, permanecendo em isolamento social; 16,2%, respeitando parcialmente; e 0,8% não está cumprindo a medida.

Um dado destacado pelo professor Fetz revela que a maioria dos participantes da enquete convive com pessoas de grupos de risco, o que deve ser considerado em planejamento de isolamento vertical. Dos que responderam ao questionário, 59% afirmam que estão em isolamento com alguém que faz parte de um dos grupos de risco; 38,3% não estão acompanhados de integrantes de grupo de risco e 2,7% estão em isolamento individual.

Apesar do perfil jovem dos participantes da enquete, 82,8% se consideram parte do grupo de risco e apenas 17,2% dizem que não. “Essa percepção subjetiva de estar enquadrado num grupo de risco pode ser fruto do estresse social, do medo”, explica o professor.

Na opinião de 71% dos entrevistados, a forma mais apropriada de isolamento para enfrentamento da pandemia é o que permite apenas o funcionamento dos serviços essenciais. Outros 19% optaram pelo isolamento total, sem nem ao menos esses serviços; 5% gostariam do comércio aberto; 4% defenderam isolamento apenas para grupos de risco; 1% disse não saber opinar.

Contágio

Sobre o medo de ser infectado pelo novo coronavírus, numa escala de um a cinco, 29,70% apontaram o nível máximo; 29,10% ficaram na casa quatro; 26,70%, na três; 9,60%, na dois; e 5% escolheram a opção nenhum medo.

Apesar do medo, a maioria (39,60%) optou pelo nível intermediário (nível 3) quando a pergunta foi sobre a probabilidade de ser infectado pelo vírus, também numa escala de um a cinco. Apenas 9,70% disseram que é muito provável que sejam infectados (nível 5).

O cenário para os próximos dois meses é de pessimismo em relação à disseminação da doença: 56% acreditam que a tendência é a piora da situação, 26% acreditam na estabilização, 10% não sabem opinar e 8% acham que o recuo é certo.

Informação

Os sites oficiais e os jornais, ambos com 28%, foram os principais meios de comunicação apontados para obter informação sobre a pandemia, seguidos pela televisão, com 24%; redes sociais, com 18%; e conversas informais ou aqueles que preferem não se informar, com 1% cada opção. 

O nível de confiança das informações foi medido numa escala de um a cinco, sendo que apenas 17,40% apontaram o número máximo; 50% optaram pela casa quatro; 27,70% ficaram no nível três de confiança; 3,5%, no dois; e 1,5%, no primeiro.

Aulas

Sobre o funcionamento da Ufes, para 48% das pessoas que responderam à pesquisa a Universidade deveria cancelar este primeiro semestre; já 32% defendem a suspensão das aulas durante o isolamento social com alteração do calendário acadêmico; 17% preferem a viabilização das atividades acadêmicas na modalidade de ensino a distância e 3% não souberam opinar.

Em relação aos impactos futuros no Brasil após a pandemia, 52% dos entrevistados estão pessimistas, 16% otimistas, 25% se declaram neutros e 8% não souberam opinar.

 

Texto: Sueli de Freitas
Edição: Thereza Marinho