Ufes lança portal com informações sobre pesquisas realizadas no Rio Doce

05/05/2016 - 19:20  •  Atualizado 09/05/2016 09:43
Compartilhe

O reitor Reinaldo Centoducatte concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, 5, para fazer um balanço da participação da Universidade nas ações e pesquisas desenvolvidas na região da bacia e foz do Rio Doce, seis meses após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), de propriedade da Samarco Mineração. 

Clique aqui para assistir a entrevista.

Na ocasião, o reitor anunciou que a Universidade, ao celebrar 62 anos nesta data (5 de maio), disponibiliza para toda a população o lançamento do portal Rede Ufes-Rio Doce, onde estão publicados todos os relatórios dos projetos de pesquisa e extensão realizados pela instituição nas regiões atingidas pela tragédia. O portal pode ser acessado por meio do endereço eletrônico www.redeufesriodoce.ufes.br.

O reitor destacou que o novo portal apresenta as atividades realizadas por mais de 100 pesquisadores da Ufes e é uma forma de prestar contas do trabalho realizado. “Logo após o rompimento da barragem nós fizemos uma reunião para definir como a Ufes poderia colaborar com a sociedade capixaba e mineira no enfrentamento da maior tragédia ambiental da história do Brasil. Eu fui pessoalmente aos municípios capixabas atingidos, juntamente com outros pesquisadores da Universidade. Nós definimos não estabelecer nenhuma relação com as empresas envolvidas para garantir total isenção e sustentar a credibilidade das nossas ações”, afirmou Centoducatte.

Em parceria com diversas instituições públicas, entre elas as universidades federais de Minas Gerais, Ouro Preto e do Rio Grande, e da Marinha do Brasil, a Ufes também disponibiliza neste portal um banco de imagens, reportagens, estratégias de ação e o organograma em que os grupos e subgrupos estão divididos.

Conclusões

O reitor fez questão de frisar que qualquer conclusão sobre os impactos da tragédia não serão baseados em especulações ou juízo de valor: “A Ufes possui o maior banco de dados sobre o Rio Doce e a costa marinha afetada, pois nós já desenvolvíamos diversas pesquisas na região antes da tragédia ocorrer. Mas isso não nos autoriza a dar qualquer declaração especulativa. O trabalho exaustivo realizado por nossos pesquisadores, nos últimos seis meses, ainda precisa de tempo para que seja feita uma avaliação correta. Infelizmente, as respostas não são imediatas”.

Alguns resultados disponibilizados no portal serviram de base para uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais, que pede uma indenização de R$ 155 bilhões para reparação de danos, indenizações e financiamento de projetos e pesquisas.

Parte desses recursos deve ser destinado à continuidade dos trabalhos desenvolvidos pela Ufes. Segundo Centoducatte, todo o trabalho feito até agora não recebeu nenhuma verba externa. “Tudo que estamos fazendo é com recursos próprios. Mas isso não é suficiente. Temos muita preocupação com a continuidade do trabalho para contribuir com as respostas que a sociedade precisa. E isso deve ser feito com a maior urgência”.

Além do reitor, também estiveram presentes na coletiva a vice-reitora Ethel Maciel; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Neyval Reis; a pró-reitora de Extensão, Angélica Espinosa; e o superintendente de Cultura e Comunicação, Edgard Rebouças.

Grupos

Os pesquisadores que estão atuando na região do Rio Doce estão divididos em dois grandes grupos: Socioambiental e Meio Físico e Biótico, que atua nos aspectos físicos.

A maior parte dos estudos e ações estão em processo de elaboração, observação e análise, mas alguns grupos já divulgaram relatórios preliminares como o Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Mobilizações Sociais (Organom), com o título “Impactos socioambientais no Espírito Santo da ruptura da barragem de rejeitos da Samarco”, coordenado pela professora Cristiana Losekann; e o elaborado pela equipe formada pelos professores Alex Bastos, Camilo Dias Jr., Luiz Fernando Loureiro, Renato Ghisolfi, Renato Rodrigues Neto e Valéria Quaresma, com o título “Resultados parciais das análises realizadas em amostras coletadas na plataforma adjacente a foz do Rio Doce”, a partir do trabalho que realizaram no Navio Hidroceanográfico de Pesquisa, Vital de Oliveira.

Texto: Hélio Marchioni
Edição: Thereza Marinho