A horta comunitária do campus de Maruípe vai ter cara nova. Crianças e adolescentes do bairro Bonfim, em Vitória, estão finalizando pinturas murais nos nove canteiros que a compõem, sob monitoria de servidores, professores e estudantes do Centro de Ciências da Saúde (CCS/Ufes) e do curso de graduação em Design, vinculado ao Centro de Artes (CAr/Ufes). A ação foi organizada em parceria entre os projetos de extensão Horta Comunitária da Ufes (HCom), do campus de Goiabeiras, e Florescer Saúde: cultivando vidas, do campus de Maruípe. O resultado das intervenções será apresentado ao público nesta sexta-feira, dia 16.
Os trabalhos foram desenvolvidos durante a oficina Pintura Mural em Canteiros, que contou com a participação de 12 crianças e adolescentes, a maioria a partir dos 12 anos de idade, que passam o contraturno no Serviço de Convivência para Crianças e Adolescentes Caminhando Juntos (Cajun/Bonfim). Desenvolvidos pelos próprios participantes do Cajun e adaptados pela equipe da Ufes, os desenhos têm relação com temas que envolvem plantas, frutas, flores e comunidade na feira.
As ações tiveram início em julho, após a professora do Departamento de Design (DD) e responsável pelo projeto HCom, Thais Vieira, ser apresentada à horta comunitária do campus de Maruípe pela enfermeira da Ufes Sara Luiz, que coordena o Florescer Saúde: cultivando vidas. O HCom foi criado no campus de Goiabeiras durante a pandemia de covid-19, como uma demanda da comunidade que vive no entorno da Ufes. Além do papel de ensino e pesquisa, a horta tem caráter extensionista, servindo para aproximar os frequentadores do espaço.
“As pessoas diziam para Sara que achavam que a horta de Maruípe tinha o aspecto muito parecido com túmulos, por ser alta e feita com blocos de concreto. Ela pensava em pintar, dar uma colorida, e tivemos a ideia de desenvolver esse projeto juntas”, lembra Vieira. Pensando na revitalização do local, os estudantes do curso de Design foram convidados para serem monitores, desenvolveram oficinas de estudos de desenhos e as crianças e adolescentes do Cajun/Bonfim deram início à implementação do projeto de pintura mural dos canteiros.
Alimento e ervas
Ocupando espaços ociosos dos arredores da Clínica Escola Interprofissional em Saúde (Ceis/Ufes), a horta comunitária de Maruípe tem transformado o local por meio de ações de paisagismo e plantio agroecológico de alimentos e ervas medicinais. A área, que além da horta possui jardins e canteiros suspensos, emprega práticas sustentáveis de compostagem, minhocário e ações para preservação de nascentes, na qual são realizadas atividades de plantio que têm como usuários pacientes da Ceis, moradores do entorno e membros da comunidade universitária.
“Nosso objetivo é aproximar a saúde da agroecologia e integrar conhecimentos e práticas interdisciplinares e participação comunitária, contribuindo com o repensar do modelo de saúde biomédico/flexneriano [tradicional] e extrapolando para a dimensão social, psicológica e econômica da saúde nos cuidados prestados à população, com foco na saúde única, global e integral”, ressalta Luiz.
Pertencimento
Segundo a enfermeira, o Florescer Saúde: cultivando vidas cria espaços humanizados de caráter coletivo e colaborativo no meio universitário, que servem como instrumentos pedagógicos técnico-práticos para o desenvolvimento de ações terapêuticas, atividades de promoção da saúde, educação em saúde e apoio às práticas integrativas e complementares (Pics), além de educação ambiental e em saúde voltados para as comunidades interna e externa. “A união dos campos científicos ‘promoção da saúde’ e ‘agroecologia’ contribui para as transformações necessárias na formação do estudante da área de saúde, auxiliando e reordenando o processo de ensino-aprendizagem”, avalia.
Vieira acredita que, por meio da ação extensionista, os estudantes puderam constatar a praticidade daquilo que é ensinado nas salas de aula e aprender a lidar com as dificuldades e os imprevistos de um projeto. “Para as crianças e adolescentes do Cajun, a importância do trabalho na horta comunitária está na sensação de pertencimento proporcionado a elas. Pudemos ver a alegria delas por estar dentro da Ufes fazendo alguma coisa, deixando a marca de uma coisa que eles mesmos fizeram. Foi uma grande farra!”, conclui.
Fotos: Cajun/Bonfim