A Biblioteca Central da Ufes recebe uma nova exposição a partir das 18 horas desta sexta-feira, 5. Ocupando o segundo piso, Pincelando Fatos reúne 20 telas produzidas por jovens do Centro de Referência das Juventudes (CRJ) do bairro Novo Horizonte, na Serra, retratando figuras históricas ligadas à luta pelos direitos humanos.
A mostra fica aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 7 às 21 horas, até o dia 31 de maio. No evento de abertura, haverá apresentação musical, dança e sarau de poesias.
Integrante do programa Estado Presente, do governo do Espírito Santo, e vinculado à Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH), o CRJ atende jovens periféricos de diversos bairros capixabas. Entre as atividades que o Centro realiza estão oficinas artísticas, como a Pincelando Fatos, idealizada pelo educador social e grafiteiro Paulo Cesar da Silva, o Dodô Arte de Rua.
O projeto começou em 2021, no Centro Pop da Serra, serviço que fornece assistência a pessoas em situação de rua, onde os participantes eram instigados a produzir obras de arte relacionadas a personagens da cultura hip hop. Dois anos depois, Dodô, que também conheceu o hip hop por meio de projetos sociais na juventude, levou a iniciativa para o CRJ de Novo Horizonte, trabalhando com temáticas de direitos humanos.
“Vi o impacto que esses programas tinham na minha comunidade, com jovens dançando break, inseridos na cultura. Quando os projetos acabaram, muitos entraram no crime, perderam a vida. Enquanto educador social, vejo o potencial pedagógico da cultura hip hop”, afirma ele.
Personagens
No projeto, Dodô colocou em debate as trajetórias de Paulo Freire, Gilberto Gil, Martin Luther King Jr. e Mahatma Gandhi, por exemplo. Também foram lembrados personagens locais, como Lula Rocha, militante do movimento negro falecido em 2021, e a professora da Ufes Jacyara Paiva. “Vamos pintando juntos e trocando ideias. Assim o interesse deles surge de forma muito mais orgânica, porque começam a pintar e depois querem saber mais, pesquisar mais”.
No projeto, os jovens utilizam técnicas variadas, como estêncil, spray e pinturas em telas e murais. Para Dodô, Pincelando Fatos é “um grito da periferia” pela democratização da arte. “Você fala que é artista e as pessoas falam ‘mas com o que você trabalha?’ E estamos aqui para dizer que é possível viver da arte, ser um artista respeitado, que a arte é acessível e democrática”, diz.