Pesquisa usa teias de aranha para identificar partículas de microplásticos na atmosfera

11/10/2024 - 12:14  •  Atualizado 12/10/2024 10:40
Texto: Éric Nobre (bolsista)     Edição: Thereza Marinho e Sueli de Freitas
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Foto de uma teia de aranha no canto de uma estrutura de alvenaria.

As teias de aranha são protagonistas em um estudo sobre poluição por microplásticos realizado pelo Laboratório de Biologia Costeira e Análise de Microplástico (LaBCAM) da Ufes, integrado ao Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologias para Análise de Petróleos (LabPetro). A pesquisa, realizada sob orientação da bióloga Mércia Costa, coordenadora do LaBCAM, utilizou as teias para captar as partículas do material na atmosfera e analisar os tipos e a quantidade de resíduos inalados diariamente. Amostras recolhidas revelaram uma quantidade significativa de microplásticos, demonstrando a eficiência das teias para a pesquisa, com um custo reduzido em comparação aos métodos convencionais.

Os pesquisadores selecionaram locais estratégicos no campus de Goiabeiras, considerando fatores como o entorno, a direção e a velocidade do vento. Foram definidos 30 pontos, sendo locais com mais e menos movimento de pessoas, utilizando um aplicativo para mapear as localizações. O resultado mostrou um total de 3.138 partículas encontradas em todas as amostras, indicando que 100% do ambiente estudado estava contaminado com microplásticos.

A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Hazardous Materials. A equipe que conduziu o estudo está em processo de obtenção de patente e se prepara para expandir o trabalho em níveis estadual e nacional, com o objetivo de entender onde os microplásticos atmosféricos estão chegando e quais são os mecanismos que a ciência pode usar para evitar a contaminação.

O que são microplásticos?

Os microplásticos são partículas menores que 0,5 milímetros. Pesquisas sobre o tema mostram que eles estão em placentas, sêmen e até no cérebro, causando problemas físicos e neurológicos. O LaBCAM é especializado em análises de microplásticos em diferentes ambientes, como na água, sedimentos de praia e tecidos de animais. Entretanto, esse foi o primeiro trabalho observando a atmosfera.  

A inspiração para o estudo veio de uma pesquisa realizada na Alemanha. A abordagem econômica chamou a atenção dos pesquisadores capixabas e pode representar um avanço nos estudos sobre o tema, que geralmente depende de equipamentos caros.

“Essa abordagem, aplicada pela primeira vez no continente americano, é uma forma rápida e barata de biomonitoramento e pode ser usada para avaliar os riscos ecológicos e de saúde humana causados pelos microplásticos atmosféricos. Nosso estudo confirmou a importância das teias de aranha nessa abordagem e acreditamos que os resultados fornecem uma nova direção para a aplicação futura de teias de aranha em monitoramentos de microplásticos e para a implementação de legislação de proteção ambiental e regulamentação do lixo plástico”, dizem os pesquisadores no artigo publicado.

Além de Mércia Costa, participam do projeto professores, técnicos e estudantes de graduação, mestrado e doutorado da Ufes, da Universidade Tecnológica do Peru e da Universidade de Buenos Aires, na Argentina. São eles: Antônio Augusto Marins, Bruno Paqueli, Cristina Maria Sad, Daniel Motta, Enrique Ronald Ocaris, Felipe Caniçali, Gabriela Zamprogno, Gustavo Dalbó, João Marcos Schuab, Karina Menezes, Mariana Beatriz Otegui e Mateus Alves.

Foto: Acervo da pesquisa

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