Preservação dos biomas brasileiros é tema central da abertura da Semana do Conhecimento no campus de Goiabeiras

11/11/2024 - 17:31  •  Atualizado 12/11/2024 18:34
Texto: Leandro Reis     Edição: Thereza Marinho
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Foto do reitor em discurso na abertura oficial do evento

A Ufes deu início às atividades da Semana do Conhecimento na manhã desta segunda-feira, 11, com apresentação do Coral da Universidade, boas-vindas do reitor, palestra sobre os biomas brasileiros e exposição de um projeto de extensão que visa à recuperação dos manguezais capixabas. A cerimônia de abertura aconteceu no Cine Metrópolis e contou com a presença de representantes do Governo do Espírito Santo, gestores, professores e técnicos da Universidade.

Com o tema Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais, proposto pela Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Semana do Conhecimento apresenta o ambiente e as atividades desenvolvidas pelos cursos e projetos da Universidade à sociedade capixaba. Para o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, trata-se de uma oportunidade para a Universidade se conectar com a comunidade externa.

“Isto é um problema das universidades brasileiras, essa falta de conexão com a sociedade. Quando recebemos estudantes nos nossos campi, nós vemos a satisfação e a curiosidade deles em conhecer a Ufes. Precisamos tornar esses momentos mais frequentes. Afinal de contas, a universidade existe como um fim para a sociedade”, disse ele.

Segundo o reitor, o tema do evento não poderia ser mais apropriado para dialogar com o público. “Falar sobre os biomas do Brasil levanta as questões ambientais e políticas. E está na hora de fazermos de fato este enfrentamento”, afirmou.

“Grande festa do conhecimento”, segundo o pró-reitor de Extensão, Ednilson Felipe, o evento oferece oficinas, minicursos, debates e apresentações culturais na tenda da Jornada Integrada de Extensão e Cultura, organizada pela Pró-Reitoria de Extensão. “São dias intensos que mobilizam toda a Universidade e integram ensino, pesquisa e extensão”, disse.

Orientação

A pró-reitora de Graduação, Regina Godinho, ressaltou a importância de abrir as portas para os estudantes que sonham em ingressar na Ufes, já que muitos deles ainda não escolheram a profissão que desejam seguir. Organizada pela Pró-Reitoria de Graduação, a Mostra de Profissões apresentará as atividades dos cursos de graduação a partir desta terça-feira, 12, ajudando na reflexão dos futuros universitários a respeito de suas vidas profissionais.

“A Mostra de Profissões exerce papel fundamental na vida escolar dos estudantes. Para além da orientação profissional, o evento possibilita reduzir o stress e a ansiedade dos estudantes em relação à Universidade. Ainda há muitas dúvidas em relação ao ensino superior e à Ufes. Muitos estudantes sequer sabem que a Ufes é uma instituição de ensino público”, disse.

Também a partir desta terça, estudantes da Ufes começam a apresentar projetos de pesquisa e iniciação científica desenvolvidos na Universidade, dentro da programação da Jornada de Iniciação Científica, Inovação e Pós-Graduação. Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Valdemar Lacerda Júnior, serão mais de 1.300 estudantes dos quatro campi da Ufes apresentando seus projetos ao público. “Isso mostra a pujança da pesquisa na Universidade”, disse o pró-reitor.

Também fizeram discursos de abertura o coordenador do evento, Gustavo Cardoso, que deu boas-vindas aos participantes, e a representante da Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil (Propaes), Deborah Provetti.

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Foto do professor Sérgio Lucena Mendes em sua palestra na abertura do evento

Biodiversidade

Após os discursos, o professor da Ufes e diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Sérgio Mendes, proferiu a palestra Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais. Mendes começou sua exposição explicando as características dos biomas brasileiros e destacou a importância de sua preservação para o planeta.

“O Brasil é o país com a maior diversidade biológica do mundo. Dentre os países com a chamada megabiodiversidade, o Brasil é o maior deles. Temos entre 15% e 20% de toda a biodiversidade do planeta. Portanto, a preservação dos biomas é fundamental não só para eles próprios, como para o planeta como um todo”, disse o diretor do INMA.

Os biomas prestam “serviços ecossistêmicos”, segundo Mendes, auxiliando na regulação climática; regulação e purificação da água; polinização agrícola; sequestro e retenção de carbono; proteção dos solos; e no turismo e no lazer. “Evitar o desmatamento e restaurar os ecossistemas são de extrema importância para mitigar as mudanças climáticas, pois temos um processo cíclico: as mudanças climáticas favorecem a destruição dos biomas e a destruição dos ecossistemas naturais aumentam as mudanças climáticas”, disse.

Saberes tradicionais

Mendes também discorreu sobre os saberes de comunidades tradicionais, muitas vezes inseridas em contextos de destruição dos biomas. Para ele, os saberes tradicionais são essenciais para a preservação dos ecossistemas, uma vez que oferecem práticas inovadoras e sustentáveis de agricultura, captação de água, extração sustentável de produtos e técnicas para produção de fertilizantes orgânicos, por exemplo.

“As comunidades tradicionais detêm conhecimentos transmitidos por várias gerações, que são importantes para a conservação do bioma e para o conhecimento científico. Além disso, alguns usos, como as plantas medicinais, têm potencial econômico enorme”, afirmou Mendes.

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A professora Mônica Tognella durante a apresentação do projeto

Projeto

Depois da palestra, a professora Mônica Tognella apresentou as atividades do projeto de extensão Manutenção do Estoque Natural: Experiências Compartilhadas com a Comunidade Extrativista (Enec), vinculado ao Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas da Ufes (DCAB). Desde dezembro de 2023, a iniciativa vem restaurando os manguezais da bacia dos rios Piraquê-Mirim e Açú, no município de Aracruz.

A ideia é combater a degradação do bioma nessas áreas, contribuindo para a mitigação das “emergências climáticas”, como definiu a professora. “Não podemos falar mais em mudanças, temos que falar em emergência”, disse. Por meio de ações como oficinas, cursos, cartilhas de plantio, treinamento, seleção de agentes sociais e monitoramento do bioma, a equipe do projeto tenta proteger e revitalizar a vida marinha. garantindo um legado para as gerações futuras.

Programação

A programação da Semana do Conhecimento é gratuita e acontece neste mês nos quatro campi da Ufes: de 11 a 14 em Goiabeiras e Maruípe; de 19 a 22 em Alegre; e de 25 a 27 em São Mateus. Veja a lista completa de atividades no hotsite do evento.

Fotos: Leandro Reis

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