O projeto de extensão Escrita em Artes, do Departamento de Artes Visuais da Ufes (DAV), promove a exposição pão ganha-pão a partir das 16 horas desta quinta-feira, 9, no Espaço Ladeira, no Centro de Vitória. Até o dia 25 de maio, a mostra reúne obras de doze artistas, entre esculturas, desenhos, vídeos, fotografias e performances. Além da exposição, a programação conta com oficinas, mesas de conversa, intervenções e lançamentos de publicações. A entrada é gratuita. Veja a programação completa no blog ou no Instagram do projeto.
O evento acontece no Edifício Anchieta (Rua Nestor Gomes, 277), no antigo espaço da livraria Âncora. Dos doze artistas, nove são do grupo Escrita em Artes (os professores do DAV Aline Dias, Diego Rayck e Jaks da Penha; as estudantes Laryssa Gobbi e Jessica Barcellos; e as egressas Rafaela Stein, Vivian Siqueira, Yurie Yaginuma e Jo Araújo) e três são convidados (Marcos Martins, Raquel Stolf e Marcus Vinícius).
Segundo a professora Aline Dias, coordenadora do projeto ao lado do professor Diego Rayck, a concepção da exposição partiu da reflexão sobre a produção artística e o trabalho remunerado.
“Era uma aflição compartilhada por todos que o tempo que investimos no ganho do pão compete e destitui o nosso tempo para o trabalho (comumente não remunerado) da produção de arte”, lembra Dias. A partir dessa inquietação, em 2022, o grupo produziu uma série de trabalhos sob o título pão ganha-pão e, no fim daquele ano, desenvolveu o projeto que seria aprovado pelo Edital 09/2022 de Seleção de Projetos de Artes Visuais – Projetos Livres, da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult/ES).
“Ao longo das conversas, percebemos que essa discussão inclui as práticas alimentares e de cuidados, a subalternização, os impactos socioambientais da emergência climática e o circuito cultural no Espírito Santo, visto que o trabalho do artista é recorrentemente atrelado a outras atividades ligadas ou não à arte, visando condições econômicas de sobrevivência”, destaca.
Estímulo à produção
O projeto surgiu em 2017, vinculado ao Programa Institucional de Apoio Acadêmico (PIAA) da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). O objetivo, afirma Aline Dias, era estimular a produção textual de estudantes dos cursos de bacharelado em Artes Plásticas e licenciatura em Artes Visuais.
“Percebemos lacunas na formação prévia dos estudantes e um índice alto de retenção e desistência que envolvem produção de textos”, diz. Assim, Dias e Rayck passaram a apoiar os discentes nas atividades de escrita até 2020. O primeiro fruto do projeto foi o livro escrita em artes, lançado pela Edufes, reunindo as produções dos integrantes do grupo.
A partir do isolamento social devido à pandemia de covid-19, o grupo criou um blog para compartilhar as produções com a comunidade externa. “Vimos nas publicações uma forma de ampliar o escopo inicial das atividades”, diz a professora. No espaço, os membros do projeto organizam suas produções a partir de ciclos temáticos – como o pão-ganha pão –, abrigando diferentes linguagens, como texto, desenho, foto e vídeo.
“Minha parte preferida nessa dinâmica é que, a partir do que é trazido de produção artística e textual nos encontros, cada integrante escolhe o trabalho de um colega como ponto de partida para dialogar. Assim, temos uma segunda rodada na qual produzimos textos para as imagens dos colegas e imagens para os textos escritos no começo do ciclo”, afirma Dias.
Além do livro Escrita em artes, o grupo já publicou Como um tigre que ruminasse e é perigoso, ela avisa, lançados no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (MAES), em 2022. Também produziu cadernos de apoio a educadores, explorando a relação entre arte e escrita, e organizou seminários, oficinas e projeções de filmes, eventos sempre abertos à comunidade. No fim da exposição pão ganha-pão, o grupo lançará a publicação Assim que se move, desenha, com poemas e desenhos do grupo e de convidados.