Uma programação especial com oficinas, palestra, apresentações e exposição celebra o Dia do Ceramista nesta terça-feira, 28, no campus de Goiabeiras da Ufes. Gratuito e sem necessidade de inscrição prévia, o evento reúne atividades com grandes nomes da cerâmica contemporânea na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes (GAP/Ufes), das 15 às 18 horas. A abertura fica a cargo da artista e professora aposentada da Ufes Regina Rodrigues, que ministra uma palestra sobre seu processo de criação no auditório do prédio Cemuni IV, a partir das 14 horas.
Dentre as oficinas oferecidas ao público, estão atividades de modelagem de casas em miniatura por meio de argila, com Marise Bessa; traços do sgrafito (técnica de riscado em peça de cerâmica), com Acélio Rubens; modelagem de flores na argila, com Mikka Wentz; e performances com os oleiros Fábio Cavatti e Luiz Paulo Comério. Além dos workshops, a programação conta com uma apresentação da técnica Raku, um processo de queima que dá origem a diferentes peças, realizado pelas ceramistas Tereza Drago e Tatiana Campagnaro.
Realizado há três anos na Ufes, o Dia do Ceramista tem coordenação geral da professora do Departamento de Artes Visuais (DAV) Isabela Frade e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), do Centro de Artes (CAr), da Associação de Ceramistas do Espírito Santo (Cerames) e do projeto de pesquisa e extensão Togeido – Caminho da Cerâmica.
Exposição
A GAP encerra a programação do Dia do Ceramista com a abertura da exposição O Cru e o Cozido, a partir das 18 horas, com a presença do reitor da Ufes, Eustáquio de Castro. A exposição, que tem o apoio da Secretaria de Cultura da Universidade (Secult), reúne trabalhos de 12 ceramistas de vários estados brasileiros, entre esculturas, vídeos, fotografias, performances e objetos de arte. Os artistas foram selecionados por meio de edital público, com curadoria de Isabela Frade e Rosana Paste.
O título da exposição é inspirado na obra homônima do antropólogo Claude Lévi-Strauss, referência nos estudos da mitologia ameríndia. “São observações das dietas ameríndias e de outras culturas sobre o papel primordial da elaboração dos alimentos e da importância do fogo – do cozimento – como elo vital e demarcatório da vigência cultural”, explica Isabela Frade. Segundo a curadora, as obras afirmam a autonomia do campo da cerâmica ao dialogarem com questões atuais da humanidade, como a catástrofe climática.
“Vivemos a perda da nossa relação com a natureza. Estamos caminhando para o desastre, mas as pessoas não percebem, não se envolvem, muitas vezes porque foram tolhidas na infância nesse contato com a natureza, um lugar que é sujo, cheio de barro e lama”, afirma. “Diante desse distanciamento, a cerâmica vem propor a aproximação com o que é mineral, com a madeira, que se entregou ao processo, com o corpo que a colheu, com a água”.
Referência
Além dos ceramistas selecionados, a exposição tem participação especial de Regina Rodrigues, influência decisiva na formação de artistas da cerâmica no Espírito Santo. “Ela é uma artista excepcional e completa. Desenvolve processos variados na sua poética, com técnicas muito sofisticadas, como a produção dos seus próprios esmaltes e a cobertura vítrea das peças”, explica Frade.
Segundo ela, um elemento importante na compreensão da obra de Regina Rodrigues é o vínculo que a artista estabelece entre diferentes materiais. “O diálogo entre as matérias é uma tônica da obra dela. É como se ela quisesse que os materiais tivessem uma intimidade, um encontro onde um corpo acolhe o outro. Ela trabalha objeto, escultura, instalação, processos. Tudo que tem uma perícia alta tem vínculo com o trabalho dela. E, ao mesmo tempo, a Regina busca a simplicidade, a força da economia”, diz.
O Cru e o Cozido fica em cartaz até 28 de junho e pode ser visitada de terça a sexta-feira, de 9 às 12 horas e de 13 às 17 horas. Para visitas em grupo, o agendamento deve ser realizado pelo e-mail gapvix@gmail.com.