Ufes tem pesquisadores citados em ranking dos cem mil cientistas de destaque mundial

23/11/2020 - 18:33  •  Atualizado 01/11/2022 09:21
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Dois pesquisadores da Ufes estão na lista dos cem mil cientistas mais destacados do mundo, segundo levantamento da Universidade de Stanford (EUA), que levou em consideração a produção ao longo da carreira e no ano de 2019. São eles Renato Krohling, do Programa de Pós-Graduação em Informática, e Winfried Zimdahl, que foi professor visitante de longa duração no Departamento de Física.

O banco de dados também conta com o nome da pesquisadora Karen Strier, professora da University of Wisconsin, Maddison (EUA), que há mais de 15 anos atua no Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Biologia Animal) da Ufes, tendo orientado muitos estudantes capixabas.

Se considerados os dados apenas do ano de 2019, a lista dos pesquisadores da Ufes aumenta: André Amaral, professor do Programa de Pós-Graduação em Informática, e Arnaldo Leal Júnior, do Departamento de Engenharia Mecânica, que ganhou o Prêmio Capes de Tese na área em 2019, estão entre os cientistas de ponta.

Dentre os cem mil pesquisadores mais citados ao longo da carreira, também está um ex-aluno do curso de Agronomia da Ufes e atualmente professor do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade de Viçosa: Fábio DaMatta.

Pesquisa

As listas, publicadas no Journal Plos Biology, em outubro, são fruto da pesquisa Updated science-wide author databases of standardized citation indicators, que utilizou a base de dados Scopus. A posição de cada cientista foi atualizada levando em conta os impactos ao longo das carreiras (Tabela-S6-career-2019) e no ano de 2019 (Tabela-S7-singleyr-2019). O banco de dados fornece informações padronizadas sobre citações, índice h, índice hm ajustado de coautoria, citações de artigos em diferentes posições de autoria e um indicador composto.

“Eu fiquei muito feliz pelo reconhecimento de um trabalho duro, de anos”, afirma o professor Renato Krohling. Ele destaca a credibilidade do banco de dados Scopus, que referencia publicações de alta qualidade, “revisadas por outros pesquisadores, com critérios rigorosíssimos para aprovação”. 

Segundo o pesquisador, seu primeiro trabalho de impacto, base para inúmeras outras publicações e aplicações na área de controle, tanto em indústrias quanto em novos equipamentos, foi no doutorado realizado na Universitaet des Saarlandes, Alemanha, na década de 90, quando publicou um artigo sobre algoritmo genético. “O doutorado é o início da carreira de pesquisador. Cito a importância de bons orientadores, primeiro na Ufes, com meu orientador de mestrado Hans Schneebeli, e depois na Alemanha, com meu orientador de doutorado Hilmar Jaschek. Eles marcaram muito a minha formação por prezarem pela autonomia em pesquisa”, conta.

Desde a década de 90, Krohling vem trabalhando na área de inteligência artificial, em redes neurais, lógica fuzzy (lógica difusa) e algoritmos biologicamente inspirados. “Sempre busco trabalhar a ciência e a aplicação dessas abordagens em diferentes áreas do conhecimento. Os resultados dessa pesquisa têm sido aplicados em [solução de] problemas relevantes da área de agricultura, como identificação automática de doenças de plantas, em especial café; na identificação automática de lesões de pele, detectando lesões que podem ser câncer de pele, um dos com maior taxa de mortalidade”, destaca o pesquisador.

O trabalho envolvendo identificação de possíveis lesões cancerígenas é desenvolvido em conjunto com o Programa de Assistência Dermatológica e Cirúrgica da Ufes (PAD), coordenado pela professora Patrícia Frasson. “Um exemplo de trabalho com competências entre cursos: Engenharia, Ciência da Computação e Medicina. Nesse trabalho, desenvolvemos os três pilares da Universidade: pesquisa, ensino e extensão”, afirma Krohling.

Grupo Cosmo-Ufes

O pesquisador Winfried Zimdahl, que hoje está na Alemanha, seu país de origem, disse estar “feliz em contribuir para aumentar a visibilidade da Ufes, sobretudo do grupo Cosmo-Ufes”, que é Núcleo de Astrofísica e Cosmologia da Universidade. “Em muitas ocasiões, membros do grupo e alunos foram coautores”, declara, referindo-se às publicações que estão na base de dados Scopus e foram utilizadas para classificar os cientistas no ranking da Universidade de Stanford (EUA).

Zimdahl, que foi professor visitante de longa duração no Departamento de Física da Ufes, pesquisa a aplicação da teoria de gravitação na dinâmica do Universo. “Problemas atuais que são abordados mundialmente são a origem de estruturas cósmicas como galáxias e aglomerados de galáxias, a natureza do substrato cósmico e a expansão acelerada do Universo, detectada uns 20 anos atrás. Com respeito ao substrato cósmico, estamos ainda longe de entender a energia escura que aparentemente domina a dinâmica cósmica em grandes escalas. O grupo em Vitória faz parte do esforço internacional em avançar no conhecimento desta área”, afirmou o professor que hoje está aposentado, porém não inativo.

“Pessoalmente estou aposentado, mas estou em contato com os colegas e alunos do Cosmo-Ufes e outros pesquisadores no Brasil. Até bem recente publicamos artigos juntos. Tínhamos planejado uma visita a Vitória no mês de outubro, infelizmente não deu certo por causa da pandemia. Agora esperamos que soprem ventos mais favoráveis no ano que vem”, diz Zimdahl.

 

Texto: Sueli de Freitas
Imagem: David Protti

 

Matéria atualizada em 23/11/2020