Centros de pesquisa da Ufes estão entre os cinco selecionados do Brasil para projeto nacional de Ciência e Tecnologia

01/08/2024 - 14:26  •  Atualizado 01/08/2024 17:25
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Foto do Laboratório Multiusuário de Computação Científica, onde aparecem estantes com computadores em um ambiente escuro com luzes coloridas

A Ufes foi selecionada para firmar parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), e a partir de agora é uma das cinco Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) do Brasil que participarão da implantação pioneira de uma infraestrutura dedicada a centros de pesquisa chamada Rede e-Ciência.

Com isso, dois laboratórios da Universidade vão receber conectividade para a capacidade mínima (e de uso exclusivo) de 100 gigabits por segundo (Gb/s), consultoria em engenharia de desempenho de redes e em segurança da informação, avaliação de riscos cibernéticos, e equipamentos e serviços para realizar, exclusivamente, atividades de pesquisa e desenvolvimento experimental, além de fomentar a inovação. 

Seleção

O edital da RNP buscava instituições públicas ou privadas que atuassem como big science, ou seja, centros de pesquisa com requisitos avançados de processamento, análise, transmissão e armazenamento de grandes volumes de dados, com a justificativa de que tais instituições “precisam ser atendidas com políticas e serviços diferenciados, diversamente daqueles que hoje são oferecidos para as instituições que atuam na ‘cauda longa da ciência’”.

Responsável pela candidatura da Ufes, a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) propôs os trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos em Redes Definidas por Softwares (Nerds/Ufes) e pelo Laboratório Multiusuário de Computação Científica (sci-com/Ufes), coordenados pelos professores Moisés Ribeiro, do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE), e Vinícius Mota, do Departamento de Física (DF), respectivamente.

Benefícios  

Para o superintendente de Tecnologia da Informação da Ufes, Paulo Lobato, o link exclusivo para pesquisas científicas com capacidade mínima de 100 Gb/s, aliado às consultorias que serão oferecidas pela Rede, impulsionarão a infraestrutura de pesquisa da Universidade. “É notável o esforço da Ufes para renovar e atualizar sua infraestrutura de datacenter, um projeto que começou em 2021 e está sendo concluído agora. Esse resultado aumenta a responsabilidade da Ufes e também indica um caminho promissor para a evolução de um centro de computação científica para a Universidade e sua região de influência”, avalia. 

Segundo o professor Vinícius Mota, a nova conectividade permitirá que os pesquisadores envolvidos na proposta alcancem um novo patamar: “Pesquisadores da área de Cosmologia, por exemplo, serão beneficiados pela redução significativa de tempo gasto para as trocas de dados diários obtidos de telescópios, que chegam a dezenas de terabytes cada um. Pesquisas na área de Engenharia e Cibersegurança de Redes de altíssima capacidade poderão contar com esta alta capacidade exclusiva durante suas experimentações”. 

Neste ano, o Brasil tornou-se membro associado do maior laboratório do mundo em pesquisas de física de partículas, o CERN (sigla em inglês para Organização Europeia para Pesquisa Nuclear). Com isso, de acordo com o professor Moisés Ribeiro, a Universidade irá explorar a Rede e-Ciência para aprofundar a parceria com o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), em conjunto com o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). “A ideia é tornar a Ufes a pioneira no Brasil no desenvolvimento de soluções e competências em cibersegurança em redes de altíssima capacidade, que são voltadas às necessidades do CERN”, ressalta. 

De acordo com o professor, a integração da Ufes à Rede e-Ciência em breve conectará a Universidade a instituições de ponta no Brasil, como o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ou o Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras: “Há recursos multiusuários disponibilizados por essas instituições e eles têm o potencial de beneficiar outros grupos da Ufes nas mais diversas áreas de pesquisa, como materiais, petróleo e gás, ciências agrárias e do meio ambiente”.
 

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Foto do prédio onde funciona a Superintendência de Tecnologia de Informação da Ufes

Diferencial

Um dos diferenciais da proposta da Ufes foi a recente reforma da infraestrutura da STI, o que ajudou a Universidade a alcançar os requisitos exigidos pela RNP para ser atendida pela Rede e-Ciência. Lobato diz que um segundo datacenter, voltado a pesquisas científicas, é uma possibilidade futura: “Embora a construção não tenha sido possível devido às restrições orçamentárias, o ambiente físico já está pronto e a infraestrutura elétrica (geradores, nobreak e proteção) está dimensionada para suportar a carga desse centro”.

Por meio do Laboratório de Telecomunicações (LabTel/Ufes), a Universidade também está envolvida com o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton), que, segundo Ribeiro, é uma das principais ações estratégicas e estruturantes da Iniciativa Brasileira de Fotônica (IBFóton) do MCTI, realizada com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “A Rede e-Ciência se conecta com esta importante frente de ação da Ufes. Outro ponto é que o Nerds/Ufes, no Centro Tecnológico, é um dos poucos pontos no Brasil de uma rede mundial de aplicações de suporte às ciências que demandam uso intensivo de dados, dentro de um consórcio internacional que visa ao avanço destas estruturas de comunicação de alta capacidade”, explica.

Expansão

Além da Ufes, as outras quatro instituições que serão atendidas nesta primeira etapa da Rede e-Ciência são o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do Rio de Janeiro; a Embrapa de Brasília; a Universidade Federal de Goiás (UFG); e a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Ao longo dos próximos três anos, a RNP planeja adicionar, pelo menos, 12 novos centros de pesquisa brasileiros.

Fotos: Centros de pesquisa/Ufes

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