Pesquisadores da Ufes participam da identificação de fósseis pré-históricos em Castelo

09/07/2024 - 17:39  •  Atualizado 09/07/2024 18:10
Texto: Sueli de Freitas     Edição: Thereza Marinho
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Fotos de quatro fósseis encontrados

A identificação dos fósseis de animais pré-históricos encontrados na Gruta do Limoeiro, em Castelo, no sul do Estado, está contando com a colaboração do Laboratório de Paleontologia da Ufes, coordenado pela professora Taíssa Rodrigues e vinculado ao Programa de Pós-Graduação de Ciências Biológicas da Universidade. O trabalho é uma parceria do município com pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT Paleovert), da Ufes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Museu Nacional/UFRJ.

Na gruta, que já era conhecida por achados de ossos indígenas, foram encontrados agora fósseis de mamíferos do período Pleistoceno, compreendido entre 2.5 milhões e 11.7 mil anos atrás. “A gente achou possivelmente três espécies de preguiças gigantes diferentes. Além disso, um toxodonte, que era um mamífero de grande porte, podendo até pesar uma tonelada – estamos calculando pela espessura dos ossos – é parecido com um rinoceronte, um hipopótamo. Achamos também um tigre-dente-de-sabre e um cervídeo [cervo]”, conta o pesquisador da Ufes Richard Buchmann, que está em Castelo.

A descoberta das peças foi feita por servidores municipais que perceberam a presença de possíveis fósseis no local. “Nosso grupo foi contatado, assim como pesquisadores do Museu Nacional. Viemos para Castelo, eu e um colega colaborador da UFBA, para identificar esses fósseis. Conseguimos chegar a pelo menos cinco espécies diferentes habitando aqui – nenhuma espécie nova”, diz Buchmann.

Imagem
Imagem do paleoambiente com alguns bichos que foram encontrados na Gruta do Limoeiro. O tigre dente de sabre está em primeiro plano e uma preguiça gigante encontra ao fundo, à esquerda. Autoria: Júlio Lacerda

Próximos passos

Segundo ele, esse é o primeiro registro no Espírito Santo de resgate de fósseis em cavernas. Os próximos passos serão a datação das espécies e o refinamento dos dados, não só em termos de identificação dos animais, mas também com pesquisas de como eles interagiam com o ambiente. “Agora daremos prosseguimento com análises mais refinadas. Para datar e provavelmente fazer inferências sobre o clima e interações ecológicas das espécies em vida. Estamos pensando em submeter um resumo só com essas espécies identificadas ao Congresso Brasileiro de Paleontologia”.

Segundo o pesquisador, é certo que esses animais viveram na região sul do Espírito Santo. “Já tínhamos registro de preguiças gigantes da mesma espécie, de mastodontes, de toxodontes também, por alguns fragmentos de ossos encontrados preservados em fissuras entre os mármores em Cachoeiro de Itapemirim. Então, já tínhamos conhecimento de que esses animais da megafauna pleistocênica habitavam o sul do Espírito Santo, mas, diferentemente de Cachoeiro, aqui temos um número de espécies até maior, inclusive com um possível predador envolvido, que é o tigre-dente-de-sabre”, afirma.

As peças deverão ficar em Castelo. A ideia é construir um museu de história natural para abrigar esses e outros achados arqueológicos e paleontológicos.

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