O filhote fêmea de harpia nascido na Reserva Natural Vale, na Mata Atlântica do norte capixaba, e monitorado por pesquisadores da Ufes acaba de completar dois anos de vida e vai ganhar um nome. Todos podem participar da escolha para identificação da ave, também conhecida como gavião-real, cuja espécie está ameaçada de extinção. O voto pode ser dado em um único nome dentre as quatro sugestões – Anahi (Bela Flor do Céu), Araci (Mãe do Dia), Aruana (Sentinela) e Ñarõ (Selvagem) – enviadas por estudantes das escolas da região de Sooretama, no entorno da reserva.
A votação está aberta (Escolha o nome da harpia da Reserva Natural Vale!) e prossegue até o próximo dia 17.
Em 2016, guias de observação de aves descobriram um ninho da espécie na Reserva da Vale, em Linhares. Em março de 2017, os pesquisadores da Ufes instalaram câmeras para monitorar o namoro de um casal de harpia no ninho. Foram várias tentativas de reprodução, mas os filhotes não nasceram. Em março de 2019, enfim, os pesquisadores descobriram que um filhote havia nascido. A águia começou a voar a partir dos cinco meses de idade, quando iniciou a exploração da floresta da reserva, sempre monitorada pelo Projeto Harpia – Mata Atlântica/Ufes. Após dois anos, a ave está deixando os cuidados do pais para alçar voos mais longos e ser batizada.
Confira o nascimento da harpia em matéria produzida pela Revista Universidade.
O professor Aureo Banhos explica que o ninho da jovem harpia caiu no final do ano passado. “Continuamos monitorando a árvore, a jovem tem diminuído a frequência de visitas, e seus pais continuam aparecendo. A nossa expectativa é que ela deixe o território dos pais e eles reconstruam o ninho na mesma árvore para uma nova reprodução”, observa. “Quem sabe ela seja avistada e reconhecida pelo nome que será escolhido pelo público na campanha”, prevê. O pesquisador relata que, no outro ninho, um casal está namorando. “Estamos na torcida pelo nascimento de mais filhotinhos nessa importante reserva capixaba”, salienta.
A votação on-line para escolha do nome está mobilizando pesquisadores ambientais. “Incluir as crianças no processo de pesquisa, seleção e sugestão de um nome para a ave é uma oportunidade de aproximá-las do conhecimento sobre as harpias e a natureza, e fazê-las amar as riquezas naturais de nosso país”, destaca Helena Aguiar, pesquisadora do projeto. “Estender esta ação para uma votação popular é uma forma de sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação da natureza”, acrescenta.
Monitoramento
O Projeto Harpia monitora cerca de 60 ninhos de gavião-real na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal e na Mata Atlântica – no Espírito Santo e no sul da Bahia, com quatro ninhos nas reservas Vale e Biológica de Sooretama. Desde 2010, a Ufes participa do Núcleo Mata Atlântica do Projeto Harpia/Brasil, com a coordenação do professor Aureo Banhos. “O projeto da Ufes de conservação monitora a população da espécie na área definida como Corredor Central da Mata Atlântica”, explica o pesquisador. No Espírito Santo, o projeto é apoiado pela empresa Vale, por meio de acordo de parceria com a Ufes.
Banhos pontua que o gavião-real (Harpia harpyia), é uma espécie classificada como criticamente em perigo no Espírito Santo e extremamente vulnerável no território brasileiro. “Ela é muito importante para o ecossistema e a biodiversidade na região classificada como neotropical”, observa. Na fase adulta, ela pode medir de 90 a 105 centímetros de comprimento, até dois metros de envergadura, e pesar de quatro a cinco quilos (machos) e de seis a sete quilos (fêmeas). A ave atinge a maturidade sexual após os cinco anos de idade. “É a maior e mais poderosa águia das Américas e o projeto objetiva preservá-la”, diz o professor.
Mais informações sobre o Projeto Harpia estão disponíveis no Instagram @projetoharpiabrasil, no Facebook @harpiaprojeto e no site https://www.projetoharpia.org/.
Texto: Luiz Vital
Imagem: Gabriel Bonfá
Edição: Thereza Marinho