Ufes recebe estudantes estrangeiros que farão curso para proficiência em português

06/03/2023 - 15:00  •  Atualizado 07/03/2023 22:35
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A Secretaria de Relações Internacionais (SRI) da Ufes recebeu nesta segunda-feira, 6, estudantes estrangeiros que participarão da terceira turma do curso preparatório para a prova de proficiência em português oferecido pela Universidade.

O curso é direcionado aos que foram selecionados para ingressar em universidades brasileiras pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). O chamado Pré-PEC-G antecede a prova para obter o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), que será realizada de 24 a 26 de outubro e é pré-requisito para estrangeiros ingressarem em cursos de graduação no Brasil. Os estudantes terão aulas a partir desta terça, 7, no campus de Goiabeiras.

A Ufes aplica o exame do Celpe-Bras desde 2016 e oferece o Pré-PEC-G desde 2020. Esta será a primeira turma totalmente presencial do curso, uma vez que a turma de 2020 teve, duas semanas após seu início, as atividades presenciais suspensas em função da pandemia de covid-19, e ocorreu de forma remota. Em 2021, a formação foi on-line nos primeiros meses e os estudantes vieram para o Brasil apenas 90 dias antes do Celpe-Bras, para ganhar fluência no idioma. No ano passado, o curso passou por uma reformulação e terá um novo formato a partir deste ano.

Os dez estudantes matriculados no Pré-PEC-G da Ufes terão um curso baseado na imersão no idioma, segundo o professor do Departamento de Línguas e Letras Santinho Ferreira, que coordena as ações do Celpe-Bras e do Pré-PEC-G na Ufes. “É uma formação que observa como o estudante está reagindo à sala de aula, que propõe atividades conforme o desenvolvimento de cada um”, detalha. As atividades são desenvolvidas com apoio de estudantes do curso de Letras da Ufes e do projeto de extensão Releitores, que trabalha com eles a reescrita de textos.

Os recém-chegados vêm da África e da América Central. Os países de origem são Quênia, Guiné Equatorial, Gana, Benin, Haiti, Timor Leste e Panamá. Sete deles pretendem estudar na Ufes, nos cursos de Ciência da Computação, Engenharia da Computação, Odontologia, Enfermagem, Economia, Engenharia de Petróleo e Arquitetura e Urbanismo. Os demais estudantes pretendem se matricular na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Ciência da Computação, e nas universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e de São Carlos (UFSCar), ambos em Medicina.

Desafios

O chefe da Divisão de Mobilidade para a Ufes da SRI, professor Thiago Prado (na foto, em pé), afirma que o desafio de receber os estudantes recém-chegados envolve lidar com suas expectativas de mudança de vida e com a realidade que encontram ao chegar no Brasil. “Temos a preocupação e o desafio de acolher da melhor maneira e trabalhar com os sonhos deles. Os estudantes ingressantes chegam ao Brasil muito novos, para uma grande mudança de vida, com o sonho de fazerem uma graduação para depois retornarem ao seu país. Muitas vezes, somos a primeira instituição do país com a qual eles têm contato. Temos a preocupação de que eles possam lidar com esse país maravilhoso que eles trazem no imaginário, mas que também estejam preparados para lidar com dificuldades que possam ocorrer, entre elas o racismo e a xenofobia, e saibam que podem contar conosco para lidar com os problemas”, detalha.

O professor desta que, na convivência entre eles, não só em sala de aula, mas também no Restaurante Universitário e fora da Ufes, os estudantes desenvolvem a fluência e o contato com outros idiomas. “Além disso, é uma forma de a Ufes viver essa internacionalização dentro de casa. O convívio em língua portuguesa é essencial para eles ganharem fluência no idioma”, afirma Thiago Prado, que foi o responsável pelas boas-vindas.

O panamenho Ovidio Fuentes, de 19 anos, se prepara para estudar Engenharia de Petróleo na Ufes e é o único que já fala um pouco de português entre os nove estudantes que já chegaram. “Estudei um pouco em um curso oferecido pela Embaixada do Brasil. Gostei do Espírito Santo, pois tem um clima similar ao do meu país. As pessoas são boa gente, os lugares são bonitos, tem muita festa e gente alegre por aqui. Pretendo estudar muito para falar melhor o português e também conhecer pessoas que falam outros idiomas”, conta.

O PEC-G

O PEC-G foi criado em 1965, para oferecer a estudantes de países em desenvolvimento a oportunidade de realizar seus estudos de graduação em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, contribuindo para a internacionalização dessas instituições. Mais de dez mil estudantes já passaram pelo programa, que atualmente tem a participação de 69 países da África, América Latina e Caribe, Ásia e Europa Oriental. Desde 2013, o PEC-G o PEC-G é regido pelo Decreto Presidencial nº. 7.948 e aponta entre seus objetivos o de auxiliar o regresso dos estudantes aos seus países de origem, de forma a contribuir com o desenvolvimento do capital humano.


Texto: Lidia Neves
Fotos: Victor Thomé (bolsista em projeto de Comunicação)
Edição: Thereza Marinho