Atualmente composto por estudantes voluntários de cursos de Engenharias, Comunicação Social, Arquitetura e Urbanismo, Oceanografia e Economia, o projeto de extensão Solares atua com o objetivo de tornar a energia solar mais acessível à sociedade e popularizar novas formas de utilização dessa fonte de energia limpa. Sob coordenação do professor Fransergio Cunha, do Departamento de Engenharia Mecânica, a ação foi uma das 26 finalistas do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina, evento organizado anualmente pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), e é o tema desta quinta-feira da série de reportagens sobre programas e projetos extensionistas, publicada semanalmente no portal da Ufes (veja todas as matérias no final do texto).
Com 13 anos de história, a ação de extensão teve três fases, e a atual estrutura, formada em 2015, conta com mais de 60 membros. Segundo um dos diretores gerais do projeto, o estudante de Engenharia Mecânica Daniel Azeredo, a intenção da equipe é que o Solares seja agente de transformação ambiental e social, além de se tornar referência nesse campo de atuação no Brasil. Para tanto, os estudos e trabalhos executados buscam explorar aplicações para a energia solar, “promovendo o desenvolvimento sustentável por meio de projetos de qualidade acadêmica e impacto social, com o uso da radiação do sol como fonte de energia térmica para aquecimento de ambientes e fluidos, e a conversão direta em energia elétrica, a partir do efeito fotovoltaico”.
O coordenador Fransergio Cunha avalia que vivemos um momento em que a matriz energética brasileira é totalmente dependente das condições climáticas. Ele lembra que o país segue sob bandeira vermelha nas contas energéticas devido aos níveis baixos dos reservatórios das usinas, causados pelo período de seca atual. “Com este cenário, fontes de energia mais caras e mais poluentes, como as usinas termoelétricas, são acionadas. Neste contexto, o projeto Solares traz ao público uma perspectiva no uso de outra opção, uma fonte de energia sustentável e limpa (tanto térmica quanto elétrica): a energia solar”, destaca.
Solar Térmica
O Solares atua em cinco áreas. A Solar Térmica procura utilizar as tecnologias relacionadas à energia solar para melhorar a eficiência de sistemas ou equipamentos e diminuir custos de operação de placas solares térmicas. Essa área, cuja gerência fica a cargo do estudante de Engenharia Mecânica Kelvin Costa, foi a responsável por realizar e entregar aos responsáveis pelo Restaurante Universitário do campus de Goiabeiras um projeto de viabilidade para instalação de aquecedores solares para um pré-aquecimento da água, com o objetivo de substituir a queima de gases.
“Agora, estamos estudando um mecanismo que visa aumentar o rendimento da placa solar através de um seguidor passivo movido pela dinâmica dos fluidos, sem gasto de energia elétrica. Este seguidor solar vai alinhar a placa, deixando-a perpendicular à radiação solar, posição de maior eficiência para a captação da energia fotovoltaica”, explica Costa.
Off Grid
O estudante de Engenharia Elétrica Nathan Gomes é o gerente da área Off Grid, que busca estimular o uso da energia solar sem que ela esteja conectada à rede elétrica, numa tentativa de melhorar a compreensão da população sobre sistemas fotovoltaicos. A área foi a responsável pela construção da Estação Solares (foto ao lado), primeira área de convivência da Ufes contendo tomadas para carregar celulares, notebooks e outros equipamentos eletrônicos por meio de energia solar. O espaço, inaugurado em 2019 no Centro de Artes do campus de Goiabeiras, é coletivo, 100% sustentável e ocupa uma área de 14,4 metros quadrados. “Atualmente, o time aprimora um protótipo de carrinho solar e desenvolveu um totem interativo e turístico que usa energia do sol para ser instalado em pontos estratégicos, visando incentivar o ecoturismo capixaba”, diz Gomes.
Um e-book contendo o passo a passo de como foi feita a construção da Estação Solares está disponível para download gratuito no site do projeto. Estação Solares: as built e manual técnico conta toda a história da concepção e instalação do projeto, apresentando os materiais necessários para replicação da estrutura em qualquer parte do mundo.
On Grid
Já a área On Grid estimula a instalação de sistemas ligados à rede elétrica. A equipe desenvolveu o aplicativo Solares On, ferramenta de orientação voltada para pessoas que desejam ter um sistema de energia solar em casa. O aplicativo ajuda a calcular e a fazer o dimensionamento do sistema que trará maior retorno financeiro, baseando-se no consumo energético e na área disponível para instalação. Solares On pode ser baixado aqui.
“A frente On Grid é responsável pelo planejamento elétrico com energia fotovoltaica do projeto Vovô Chiquinho, iniciativa localizada no bairro Central Carapina, na Serra, que acolhe crianças e adolescentes retirados das ruas”, relata a gerente da área e estudante de Engenharia Elétrica, Mariana Cascardo.
Solares Social
Sob gestão de outra estudante de Engenharia Elétrica, Eloisa Madalena, Solares Social é a área responsável pelas ações de impacto social e transformação comunitária. Em 2019, a equipe beneficiou mais de 1.200 crianças em oficinas realizadas em escolas de ensino fundamental e médio da Grande Vitória. Durante os encontros, foram construídos carrinhos movidos a energia solar, utilizando materiais recicláveis, e as temáticas foram abordadas de forma lúdica e interativa. “Hoje, estamos construindo uma rede de impacto que usa a metodologia aplicada para espalhar conhecimento solar pelo Brasil, de modo que as oficinas aplicadas nas escolas possam ser replicadas sem a necessidade da presença do time”, explica a gerente.
Barcos
A área dos Barcos de Competição desenvolve uma embarcação movida a energia solar, com o intuito de competir no Desafio Solar Brasil (DSB), rali anual de barcos movidos a radiação do sol. Em janeiro de 2020, a equipe conquistou o vice-campeonato no DSB realizado na cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Antes, o Solares já havia conquistado o quarto lugar no ano de 2017, em Angra dos Reis (RJ), durante sua primeira participação como equipe competidora. O primeiro lugar veio em 2018, na cidade de Búzios (RJ).
O gerente da área, Pablo Dalvi, estudante de Engenharia Mecânica, destaca que a participação na competição implica o desenvolvimento de melhorias constantes, estudos, elaboração e execução de projetos, a fim de sempre inovar o barco, torná-lo mais eficiente e apto para a competição dentro do prazo previsto: “Nosso principal objetivo nesta área é aumentar a eficiência da embarcação, mas visando um propósito maior que é o desenvolvimento de tecnologias para viabilizar a aplicação das embarcações movidas a energia solar para outras aplicações, como o transporte de passageiros, por exemplo”.
Contribuição
As ações do Solares vinculam-se a pontos dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS/ONU), como o 4 (Educação de qualidade); o 7 (Energia limpa e acessível); o 9 (Indústria, inovação e infraestrutura); e o 11 (Cidades e comunidades sustentáveis).
Os ODS são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir paz e prosperidade às pessoas. “Essa vinculação contribui para a elevação dos níveis socioambientais e econômicos do Estado do Espírito Santo, bem como com a avaliação da Ufes”, diz a estudante de Engenharia Civil Rafaela Rigo, outra diretora geral do Solares.
Com o início da pandemia, o time Solares adaptou suas atividades. Durante o período de isolamento social, os estudantes criaram o podcast Solar Cast, no qual abordam temas relacionados à energia solar e outros assuntos ligados à ciência. Três programas já estão disponíveis, nos quais os interessados podem tirar dúvidas sobre peixes elétricos, entender mais sobre a construção da Estação Solares e saber detalhes da Guerra das Correntes, evento que definiu a maneira como a energia elétrica é usada atualmente.
O projeto também produz um blog, onde disponibiliza textos sobre as ações da equipe e energia solar. “Nesse momento de pandemia, nosso time teve que se adaptar e realizar suas atividades de maneira remota, mas sem perder o foco e a qualidade dos trabalhos”, finaliza o coordenador Fransergio Cunha.
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Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto (fotos tiradas antes da pandemia)
Edição: Thereza Marinho