Jornada de Extensão discute sobre saúde dos oceanos e projeto Herbário

30/11/2021 - 16:59  •  Atualizado 01/12/2021 17:03
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Um importante debate acerca do futuro da oceanografia encerrou a programação do primeiro dia da Semana do Conhecimento da Ufes. O principal ponto discutido foi a Década da Ciência Oceânica, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017. Participaram da mesa a professora doutora em Ecologia e bióloga Camilah Zappes, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Sury Monteiro, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Pará (UFPA). A mediação foi feita pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Ambiental (PPGOAM) da Ufes Cristielli Rotta.

O principal objetivo desse movimento é a conscientização da importância da preservação dos oceanos, a fim de mobilizar diferentes atores e setores da sociedade para alcançar melhor saúde do oceano e desenvolvimento sustentável. A proposta está diretamente ligada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 14, que visa à preservação da vida marinha. Ao todo, o projeto apresenta 17 objetivos a serem alcançados durante a década, de modo a disseminar a perspectiva da cultura oceânica e a influência antropológica sobre ele. A iniciativa é internacional, com o intuito de obter o maior alcance possível.

A professora Sury Monteiro, que reside em Belém, explica que mesmo que a cidade não esteja diretamente ligada ao mar, a influência da maré atinge os moradores: “Os rios que ligam os nossos centros urbanos se conectam ao oceano, e nós sentimos a força disso diariamente. O impacto é direto nas nossas atividades sociais, econômicas, culturais e educacionais, já que há cidadãos que precisam atravessar o rio em embarcações”, explica. O exemplo citado mostra a importância da preservação do oceano e os efeitos que ele provoca, mesmo que indiretamente.

Ensino e extensão

Durante o debate, abordou-se que um dos grandes desafios é propor a melhor maneira de alinhar o tripé acadêmico (ensino, pesquisa e extensão) na área da Oceanografia. Isso porque a extensão permite que a multidisciplinaridade da ciência seja posta em prática, levando as pesquisas para campo, desenvolvendo as linhas que são trabalhadas nos laboratórios, além de permitir a participação de atores sociais no processo.

No entanto, ainda é possível perceber uma grande discrepância nos investimentos entre as três áreas. A professora Camilah Zappes relatou que o Brasil ocupa o 14º lugar no ranking mundial de pesquisas, mas, quando se trata de inovação, a posição cai para 62º. Para ela, o dado revela um baixo investimento em extensão.

A pesquisadora complementa ainda que a extensão é um momento extremamente rico, no qual é possível conectar a produção científica feita na universidade com a sociedade: “Ela cada vez mais vem sendo incrementada e é extremamente complexa, pois traz o conhecimento da ciência e da sociedade, que não é estático, vista a divergência dos grupos que a compõem. Por isso, há uma troca muito grande”.

Para assistir ao vídeo completo do debate, clique aqui.

Projeto Herbário VIES

O desenvolvimento do Herbário VIES foi outro tema abordado no primeiro dia da Semana do Conhecimento. A professora do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN/Ufes) e coordenadora geral do projeto de extensão, Valquíria Dutra, apresentou de forma breve as atividades desenvolvidas pelo projeto e falou sobre a importância do conhecimento produzido com os estudos das plantas, tanto para a comunidade acadêmica quanto para a sociedade.

Durante a apresentação, foi exibido um vídeo explicando o processo de secagem das plantas por prensagem na madeira e mostrando exemplos de atividades interativas que são realizadas nas visitações para alunos de todos os níveis de ensino e que tenham interesse em aprender mais sobre a flora do Espírito Santo.

O espaço de trabalho do projeto, que está localizado no prédio da Biologia Vegetal, no campus de Goiabeiras, não está recebendo visitantes no momento, por conta da pandemia, mas a expectativa é de que, a partir do próximo ano, as coleções de plantas secas, frutos e sementes do acervo do projeto possam ser visitadas pelo público.

A professora aproveitou para ressaltar a importância de as pessoas conhecerem mais sobre o herbário. "Assim que voltarmos com as visitações, vamos investir na divulgação para trazer mais pessoas e mostrar melhor o trabalho desenvolvido”, destacou.

O Herbário VIES, da Ufes, apresenta um acervo de mais de 40 mil espécimes de fanerógamas, algas, fungos, licófitas e monilófitas. É um dos principais herbários do Espírito Santo, com importantes coleções das restingas capixabas.

Para saber mais sobre o Herbário VIES, basta acessar https://herbario.ufes.br/ ou acompanhar o perfil @HerbárioVIES no Instagram. O vídeo da transmissão do evento também está disponível em Tour virtual - Herbário VIES - YouTube.

 

Texto: Breno Alexandre e Noélia Lopes (bolsistas de projeto de Comunicação)
Edição: Thereza Marinho