Reflexões acadêmicas e narrativas literárias e cinematográficas vêm tentando dar conta das transformações no planeta, desde as mudanças climáticas a crises sociais e econômicas. A partir de segunda-feira, 5, outra vertente dessa discussão passa a ocupar diversos espaços do campus de Goiabeiras, com uma exposição de arte sonora e uma palestra. Trata-se da 3ª Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades: Sons do Fim do Mundo (CIPS), que traz programação artística e acadêmica na Ufes, no Centro de Vitória e na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, até o dia 19 de junho.
O evento tem pré-estreia marcada para esta sexta-feira, 2, às 19h30, na Casa Flor, no Centro de Vitória. Haverá mostra sonora com os trabalhos selecionados para a CIPS e show com o pesquisador e produtor musical Mario Arruda. A pré-estreia é aberta ao público.
Também gratuita é a palestra que abre a programação no Teatro Universitário da Ufes, no dia 5, a partir das 19 horas. Quem sobe ao palco é o artista sonoro e professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marco Scarassatti, autor do recém-lançado álbum Ni yuxibū xinã rewe, em que dialoga com Ibã Sales, mestre de cantos do povo Huni Kuin, criando um envolvimento espacial para os cantos do espírito da floresta.
Para participar da palestra no Teatro não é necessário se inscrever. Haverá lista de presença no local, para emissão de certificados. Já para acompanhar as mesas temáticas on-line é preciso realizar inscrição como ouvinte até o dia 6 de junho, data em que começam as apresentações, por meio do site Sympla. A taxa de inscrição custa R$ 40. A programação presencial acontece entre os dias 7 e 9 de junho, na UFF.
Exposição
Entre os dias 5 e 19 de junho, o campus de Goiabeiras e o Centro de Vitória recebem a programação artística da CIPS. Na Ufes, peças sonoras de vários cantos do mundo estarão dispostas próximas à Biblioteca Central, ao Teatro Universitário, à Cantina do Onofre (no Centro de Ciências Humanas e Naturais - CCHN), entre outros locais. O público poderá acessar cada obra por meio de um QR Code, que redirecionará para um vídeo no Youtube. Também será possível guiar-se por um mapa das obras criado no Google Maps, circulando pelo campus ou pelo centro da cidade a partir de onde estão localizadas.
Segundo um dos organizadores do evento, o professor do departamento de Comunicação Social da Ufes Pedro Marra, a ideia do mapa é evidenciar o campus de Goiabeiras como um espaço de importância cultural para a cidade. “É uma forma de deixar o campus vivo e habitado”, diz.
Para ele, diante de tantas narrativas e metáforas do fim do mundo na cultura, é fundamental pensar a dimensão sonora dessa experiência. “Raramente nós pensamos em termos sonoros o fim do mundo. Mas o som é movimento no ar. Ele está ligado ao aquecimento global, ou mesmo à mineração e aos seus aspectos destruidores, quando se pensa que o som se propaga pelo solo também. Sem falar nas formas como o som organiza nossos ritmos de vida, tão ligados à aceleração do fim do mundo”, explica.
A CIPS é realizada pelo Grupo de Estudos em Imagens, Sonoridades e Tecnologias (Geist), formado por pesquisadores da UFF, Ufes, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadores independentes. O evento conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
A programação completa e mais informações sobre a CIPS estão disponíveis na página do evento.
Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho