Primeira patente verde da Ufes reduz emissão de poeira e descarte de lixo no meio ambiente

30/10/2023 - 22:12  •  Atualizado 01/11/2023 08:53
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Um produto desenvolvido pela Ufes vai ajudar a tirar mais de 1 milhão de garrafas do meio ambiente por mês, além de reduzir a emissão de poeira e o descarte de lixo e gerar renda para catadores de material reciclável. Fruto de dez anos de pesquisa do professor Eloi Alves da Silva Filho, do Departamento de Química, o supressor sustentável será utilizado em escala industrial pela Vale na Unidade de Tubarão, em Vitória. O produto foi lançado nesta segunda-feira, 30, no Parque Botânico Vale.

O reitor da Ufes, Paulo Vargas (na foto abaixo, à direita, ao lado dos parceiros da Ufes na produção do supressor), comemorou o resultado da parceria: “Fazer a pesquisa científica se tornar realidade é um dos grandes objetivos que podemos alcançar. Sabemos que a ciência é central para o desenvolvimento econômico e social, e ela se torna efetiva quando encontra parcerias que ajudam a criar condições para que se torne aplicável, entre no circuito produtivo, e alcance a coletividade na forma de melhorias sociais e ambientais. O supressor sustentável é um exemplo dessa sinergia profícua e multiplicadora, que muito orgulha a nossa Universidade”, disse. 

Invenção sustentável, o supressor é o primeiro produto da Ufes a conquistar uma patente verde. “É uma solução importante, que pode também ser exportada, e outras empresas que trabalham no mesmo setor. A conquista da patente verde tem um significado muito importante e é fruto deste trabalho que a Universidade vem fazendo de buscar uma aproximação com o setor produtivo para estabelecer parcerias e colocar os talentos, a criatividade e capacidade de inovação dos nossos pesquisadores para gerar soluções que tenham impacto social efetivo na produção e no meio ambiente”, afirmou Vargas.

Produção inédita

O supressor de poeira é um controle ambiental comumente usado nas operações da empresa e pode ser feito de várias matérias-primas, como glicerina, mas a produção a partir da reciclagem do plástico é inédita e patenteada pela Vale e pela Ufes. O plástico passa por um processo de reciclagem química que o transforma em resina, para ser aplicada em pilhas de minério de ferro e carvão, formando uma película protetora que evita a emissão de poeira. Desde 2013, universidade e empresa realizaram testes e validações técnicas em escalas de laboratório e piloto que atestam a eficiência do produto.

Além de garantir a eficiência no controle ambiental, o supressor sustentável tem potencial para retirar do meio ambiente todos os meses mais de 1 milhão de garrafas PET para a produção no Espírito Santo, que deve chegar a 400 mil litros/mês em 2024. O número pode chegar a até 2 milhões de garrafas em 2026, com a expansão prevista para outras operações, que vai demandar 780 mil litros de supressor no total. A maior parte do plástico utilizado para fazer o supressor sustentável será fornecida pelas associações de catadores de material reciclável da Grande Vitória.

Além de garrafas, o processo de produção do supressor sustentável também é capaz de aproveitar outros materiais considerados de baixa reciclabilidade, como o plástico PET utilizado em bandejas e garrafas de todas as cores, como as pretas de bebidas energéticas, que hoje vão para os aterros sanitários.

 “O novo supressor é um exemplo de geração de valor compartilhado, pois oferece benefícios para diversos setores da sociedade: fruto de parceria com a Universidade, além de manter a eficiência do controle ambiental e a qualidade do minério, é biodegradável, evita que milhões de garrafas virem lixo e gera renda para catadores de material reciclável”, destaca o diretor de Pelotização da Vale, Rodrigo Ruggiero.

Investimento

Para viabilizar a produção em larga escala do produto desenvolvido pelo professor Eloi Filho (foto à direita), a Vale apostou no desenvolvimento de fornecedores parceiros com o sublicenciamento da patente. A empresa Biosolvit vai instalar uma fábrica para fornecer o supressor. Para isso, serão investidos cerca de R$ 30 milhões ao longo dos próximos anos.

A previsão é que a produção local seja iniciada no primeiro semestre de 2024. Até lá, outra empresa, a IQX, situada em São Paulo, vai fornecer o produto para a Vale.

 

Texto: Comunicação Vale
Fotos: Comunicação Vale e Ruth Reis
Edição: Ruth Reis e Leandro Reis