Com lançamento em livro neste sábado, 5, pesquisa da Ufes resgata trajetórias de lideranças da umbanda na Grande Vitória

03/10/2024 - 11:35  •  Atualizado 03/10/2024 11:40
Texto: Thiago Sobrinho     Edição: Leandro Reis
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Convite do lançamento do livro Africanidades Transatlânticas: Memórias da umbanda no Espírito Santo - volume 1

Uma pesquisa da Ufes que mapeou 113 casas de umbanda localizadas na Grande Vitória e coletou trajetórias e biografias das lideranças desses templos religiosos será lançada em formato de livro na manhã deste sábado, 5, no Auditório Manoel Vereza, no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), localizado no campus de Goiabeiras. Organizado pelos professores Osvaldo de Oliveira e Cleyde Amorim, dos departamentos de Ciências Sociais e Educação, respectivamente, Africanidades Transatlânticas: Memórias da umbanda no Espírito Santo - volume 1 foi editado pela Cousa e pode ser baixado gratuitamente neste link ou por meio do QR Code na imagem ao lado.

O professor Osvaldo de Oliveira, que também é vice-coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab/Ufes), explica que o novo trabalho teve início em 2021 e deu continuidade a pesquisas realizadas nos últimos anos por pesquisadores e colaboradores vinculados ao Neab. Os estudos, diz Oliveira, já resultaram em outras obras, como Africanidades e Seus Zeladores: identidades, religiosidades e patrimônio e Jongos e Caxambus: culturas afro-brasileiras no Espírito Santo.

“O trabalho envolveu 20 pesquisadores, alguns bolsistas e outros colaboradores voluntários da pesquisa, indo para trabalho de campo. Mas o público-alvo são as próprias casas de umbanda, que envolvem, se a gente for pensar, mais de 200 casas e 3 mil pessoas só na Grande Vitória”, explica Oliveira.

Visibilidade

Ultrapassando o trabalho de mapeamento das casas de umbanda na Grande Vitória, a pesquisa, segundo Osvaldo de Oliveira, também procurou abordar questões que buscavam dar visibilidade a essas lideranças religiosas. Outro aspecto abordado foi saber o trânsito religioso dessas lideranças, ou seja, descobrir se sempre pertenceram à umbanda ou se vieram de outras religiões.

“O trabalho tem esse objetivo de proporcionar a visibilização das lideranças que não demarcaram lugares de memória nos monumentos públicos e oficiais das cidades e do Estado. O livro pretende construir essa visibilidade de pessoas e personagens, ou pessoas-personagens – para empregar um termo do [sociólogo austríaco] Michael Pollak –  que estão nas memórias subterrâneas do Espírito Santo”, ressalta o professor.

De acordo com o pesquisador, a ideia é trazer essas memórias à superfície, mas não apenas de pessoas-personagens do tempo presente, ressalta ele. “Até personagens de memória do mundo espiritual, desde o período da escravidão, desde os povos africanos e povos originários do Brasil, como os pretos velhos, que são esses africanos da diáspora e descendentes de africanos da diáspora, até os indígenas que foram divinizados como caboclos nesses templos de umbanda na Grande Vitória”, continua.

Diversidade

Para o lançamento, foram convidados dois representantes de cada uma das 113 casas de umbanda presentes no livro. A presença dessas lideranças na Universidade é também reflexo de uma parte da comunidade universitária, formada por professores, estudantes e técnicos administrativos que são de religiões de matriz africana.

“A Universidade, enquanto instituição pública, tem o papel de produzir pesquisa que visibilize esses povos que compuseram o processo de formação social, política, econômica e cultural do País”, reforçou o professor, que adiantou os próximos passos da pesquisa.

“Tem um segundo livro relacionado a esse projeto, que está sendo realizado sob a coordenação da professora Cleyde Amorim. Já no volume 3, nós vamos estendê-lo para o Sul do Estado. Para o Norte, ainda é um projeto a ser planejado. Requer que novos pesquisadores entrem nessa proposta para a gente ir descortinando o véu que invisibiliza a cultura afrobrasileira no Espírito Santo e no Brasil”, conclui.

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