Centro de Educação instala equipamento para inclusão de pessoas com perda auditiva

27/04/2023 - 17:41  •  Atualizado 03/05/2023 11:20
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O Centro de Educação (CE) da Ufes passa a contar, a partir desta semana, com três salas equipadas com um aro magnético, equipamento de acessibilidade para pessoas com baixa audição que são usuárias de aparelho auditivo ou de implante coclear. O objetivo da instalação é garantir melhorias na participação de pessoas com deficiência auditiva nas aulas e em eventos e reuniões acadêmicas e administrativas.

A Ufes é uma das poucas instituições do Brasil a contar com esse recurso, cujo uso é muito comum em outros países. Entre as que implementaram a solução estão o Centro Paula Souza, responsável pelas escolas técnicas e faculdades tecnológicas de São Paulo; a Câmara dos Deputados; e a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), que a instalou recentemente, a partir do mesmo estudo que motivou sua aquisição para o Centro de Educação.

“Temos quatro docentes com perda auditiva significativa e que se comunicam com o apoio da leitura labial. No retorno ao presencial, após o isolamento motivado pela pandemia, percebemos a dificuldade de garantir a comunicação dessas docentes e, ao mesmo tempo, manter o uso das máscaras necessário naquele momento”, detalha o diretor do CE, professor Reginaldo Celio Sobrinho. Além disso, segundo o Núcleo de Acessibilidade da Ufes (Naufes), o Centro também possui o maior contingente de estudantes surdos e com perda auditiva.

A dificuldade foi notada pelo Conselho Departamental, no ano passado, quando se discutia as condições para a realização das reuniões de forma presencial. Na ocasião, uma das conselheiras manifestou que o uso de máscaras a impediria de participar das discussões e deliberações e sugeriu, como possível solução, a aquisição do aro magnético. Para estudar a solução, um grupo de trabalho foi instituído no Centro de Educação, com a participação dos interessados, além de dois servidores técnico-administrativos do CE, duas professoras do Departamento de Fonoaudiologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes e um representante da Adufes.

A demanda foi encaminhada e aprovada no Fórum de Educação no CE, o que motivou a compra do equipamento, intermediada pela Fundação Espiritossantense de Tecnologia (Fest), ao custo total de R$ 51,9 mil.

Como funciona

“O aro magnético elimina o ruído do ambiente. A pessoa recebe o som transmitido por mesas ou caixas de som diretamente do equipamento, fazendo com que ele seja ouvido de forma mais clara”, explica o técnico Israel Lima, da empresa Som para Todos, responsável por trazer essa tecnologia sueca ao Brasil. O mecanismo envolve, também, a captação e limpeza do som do ambiente, que é transmitido, então, em um amplificador de ondas magnéticas. Foram adquiridas e instaladas três unidades, que funcionam na sala 6 do edifício IC-IV (usada para a graduação), na sala 26 do prédio do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e no auditório do Centro de Educação.

“Os professores com deficiência auditiva serão alocados para ministrar aulas prioritariamente nessas salas. Além disso, o aro possibilitará uma melhor participação em eventos no auditório. Apesar de a demanda ter surgido a partir de uma necessidade de docentes, o recurso vai favorecer também a participação de estudantes e de toda a comunidade em atividades, aumentando a inclusão”, acrescenta Sobrinho.

Para se conectar ao aro magnético nas salas, que possuem a sinalização azul, o usuário de aparelho auditivo deve ajustar seu aparelho da posição "M" (ajuste de microfone) para a posição "T" (ajuste para falar ao telefone). Em alguns aparelhos digitais, essa conversão é automática, mas nos aparelhos analógicos, é necessário fazer o ajuste manualmente. Caso o aparelho não funcione, é necessário procurar o fonoaudiólogo para acionar a bobina telefônica. Ao entrar no campo magnético criado pelo aro, o usuário de aparelho recebe o som diretamente no equipamento, como se estivesse usando fone de ouvido. Caso sinta desconforto com a intensidade do som, poderá regular o volume.


Texto: Lidia Neves
Fotos: Lidia Neves e Brett Van Loon/Ufes
Edição: Thereza Marinho