De cara nova, programa Afrodiáspora traz diálogos com personalidades negras capixabas

06/10/2023 - 15:32  •  Atualizado 09/10/2023 16:01
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O programa Afrodiáspora, veiculado pela Rádio Universitária 104,7 FM, está de cara nova. Depois de um período investindo em quadros sobre cultura e educação das relações étnico-raciais, curiosidades sobre países e culturas africanas, mulheres negras, juventude negra, poesia e música, o projeto de extensão e pesquisa do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab/Ufes) passa, também, a entrevistar pessoas e coletivos negros de destaque nas comunidades capixabas, além de profissionais negros que se formaram na Ufes.

Outra mudança diz respeito às transmissões do programa. Até então diário, os ouvintes agora poderão acompanhar o Afrodiáspora nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 17 às 18 horas, além de ter acesso aos episódios nas principais plataformas de áudio. O antigo ideal, contudo, permanece: a busca pela ampliação dos espaços de acesso e debate sobre questões étnico-raciais, políticas afirmativas e inclusivas, preconceito racial e temáticas que valorizem o povo e a cultura afrodescendentes e africanos.

A nova fase do Afrodiáspora tem coordenação do professor do Departamento de Ciências Sociais (DCS) e coordenador do Neab, Osvaldo Martins. Antes, a coordenação ficava a cargo da servidora da Ufes Maria Inês de Freitas. O programa é apresentado pelo jornalista e estudante de Ciências Sociais Thiago Sobrinho (bolsista do projeto de extensão), em parceria com os estudantes Nico Pereira (Ciências Sociais) e Raissa Ferreira (Publicidade e Propaganda).

Transformação

O programa foi idealizado pela ex-vice-reitora da Ufes Maria Aparecida Barreto (falecida em 2013), com a proposta de promover a transformação social por meio de um canal de difusão de conteúdo coerente com os princípios da concepção cultural, educativa e social da comunidade negra. “Nesse sentido, o programa se inscreve numa linha não pautada pela mídia convencional, mas busca dar destaque à cultura e às temáticas de raízes africanas”, explica Martins.

Desde o início de suas atividades, em 2011, já passaram pelo Afrodiáspora diversos pesquisadores relatando a trajetória de personagens negros que se destacaram na sociedade capixaba. Dentre as histórias, estão a do primeiro (e, até o momento, único) governador negro do Espírito Santo, Albuíno Azeredo; de Maria Verônica da Pas, uma das primeiras médicas negras do estado; dos ex-professores da Ufes Cleber Maciel e Joaquim Beato; do jornalista e deputado estadual Darcy Castelo de Mendonça (que dá nome à Terceira Ponte); e do advogado Lino Gomes, pai da atriz e ex-aluna da Ufes Elisa Lucinda.

Espelho

Segundo Osvaldo Martins, a relevância desse novo momento pelo qual passa o Afrodiáspora é oferecer referências aos estudantes negros e cotistas da Ufes.

“O trabalho funciona como uma espécie de espelho, para o qual o jovem negro olha e vê aquele engenheiro, aquele historiador, aquele filósofo, aquele jornalista, aquele advogado que passou pela Ufes e pensa: ‘se ele teve condições de acessar a universidade, de estudar, então eu também posso!’”, destaca o coordenador.

Para ele, o Afrodiáspora causa um impacto positivo na comunidade acadêmica, beneficiando não só os estudantes negros, como também os não negros advindos de escolas públicas. “O programa constroi a autoestima do estudante. Funciona como um impacto positivo não apenas para o estudante que está na Ufes, mas também para aquele lá do ensino médio, que pretende entrar na Ufes”, conclui.

O programa de rádio atende à Lei 10.639/2003, que obriga o ensino de história e cultura africana e afrodescendente nas instituições de educação básica e superior de todo o Brasil. Para conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido, basta acessar os perfis do Afrodiáspora no Instagram e no Facebook.


Texto: Adriana Damasceno
Foto: Arquivo do Programa
Edição: Thereza Marinho