O direito humano à alimentação é garantido pelo Artigo 6° da Constituição Federal de 88, ao mesmo tempo em que a insegurança alimentar no país volta a crescer e atinge cerca de 116,8 milhões de brasileiros. "Como podemos trabalhar na formação, a fim de garantir uma perspectiva humana àquelas pessoas que estão lidando com indivíduos que sofrem com a insegurança alimentar? Como assegurar que as pessoas tenham acesso ao alimento de qualidade?".
As provocações foram feitas por Alcemi Barros, professor do Departamento de Nutrição da Ufes e coordenador do Grupo de Estudos em Segurança Alimentar e Nutricional Pedro Kitoko (Gesan), que participou da mesa A Extensão e o direito humano à alimentação adequada: um diálogo necessário, realizada na noite desta quarta-feira, 1, durante a Jornada de Extensão e Cultura, que integra a programação da Semana do Conhecimento da Ufes.
O objetivo do debate foi apresentar projetos de extensão desenvolvidos dentro da Universidade que têm como objetivo principal o combate à fome e a garantia da segurança nutricional.
Para Alcemi, a extensão universitária é um dos pilares mais importantes que a Universidade tem a oferecer, sendo responsável pelo diálogo entre a academia e a sociedade civil. "Desenvolvemos um debate dentro e fora do Estado, na perspectiva do direito humano à alimentação de qualidade e saudável", explica o professor. O professor destacou ainda as diversas ações que o Gesan vem desenvolvendo ao longo de sua trajetória. "O grupo desenvolve ações dentro da Universidade, como também fora. Existe diálogo com as câmaras municipais em todo o Espírito Santo, a fim de induzir o debate da segurança alimentar e nutricional", afirma o professor.
A troca entre o saber científico e o tradicional é algo muito valioso para Alcemi. Ao desenvolver trabalhos com povos indígenas, pescadores e ciganos, o professor destaca o processo de retroalimentação. "Da mesmo forma que vamos a esses locais e damos a contribuição na perspectiva do que a extensão pode ofertar, nós também recebemos da parte dele o conhecimento ancestral acumulado, em que por vezes a universidade fica deficitária.", destaca.
Formação humana
O principal ponto de destaque dado por Alcemi é a formação humana das pessoas envolvidas no Gesan ou no Núcleo de Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional (Nupesal). “De que maneira podemos trabalhar a formação daqueles que passam pelos nossos projetos?”, questiona o professor. Para ele, os alunos e alunas envolvidas nos projetos de extensão devem ter a formação a fim de entender que estão lidando com pessoas que têm negados seus direitos alimentares.
O retorno para a Ufes é imenso, segundo o professor. “Temos percebido como as pessoas envolvidas principalmente nas ações que promovemos fora dos muros da Universidade, sobretudo agricultores e lideranças comunitárias, destacam a importância da formação para que possam discutir sobre insegurança alimentar sem preconceito".
Para Adriana Hocayen, professora do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), a atuação dentro do Gesan é um primeiro passo para alcançar outras esferas. “Hoje nós temos um representante do Grupo no Conselho de Alimentação Escolar e isso tem sido uma experiência muito rica. Conseguimos desenvolver ações interessantes dentro do CAE e o Programa Nacional de Alimentação Escolar faz parte de uma política importante de alimentação e nutrição”, destaca Adriana.
A edição completa da mesa A extensão e o direito humano à alimentação adequada: um diálogo necessário pode ser acessada pelo link do canal no Youtube.
Para ficar por dentro das ações do Gesan e Nupesal, acesse a página oficial do grupo no site da Ufes e o Instagram do núcleo.
A Semana do Conhecimento é organizada pelo Gabinete da Reitoria da Ufes, em parceria com as Pró-Reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), de Extensão (Proex), de Graduação (Prograd) e de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci); com os coordenadores de curso que organizam a Mostra de Ciências e a Mostra de Profissões; com a Superintendência de Comunicação (Supec); com as Secretarias de Cultura (Secult) e de Relações Internacionais (SRI); e com a Biblioteca Central (BC). A participação é gratuita, e as informações da programação de lives e os vídeos estão disponíveis em scufes.org.
Texto: Vitor Guerra (estudante voluntário de projeto de Divulgação Científica)
Imagem: Freepik
Edição: Thereza Marinho