Pesquisa identifica dificuldades psicológicas enfrentadas por mulheres durante transição para a maternidade

08/07/2024 - 17:03  •  Atualizado 08/07/2024 17:17
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Imagem de um bebê sendo amamentado, segurando no dedo da mãe

A saúde mental de mulheres durante o puerpério é o tema central de uma pesquisa que está sendo desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP/Ufes). Com o título Saúde mental na transição para a maternidade: bem-estar e estratégias de enfrentamento de novas mães, o trabalho tem como objetivo investigar estressores, estratégias de enfrentamento e bem-estar de mulheres puérperas, visando conhecer as dificuldades que as mães de primeira viagem passam quando estão se adaptando à nova rotina e contribuir com maneiras de lidar com estas questões.

Mulheres brasileiras, com mais de 18 anos de idade, e que tenham filhos de até 12 meses podem participar da pesquisa, inicialmente, respondendo ao questionário de um dos estudos que compõem o trabalho: Estratégias de enfrentamento ao estresse e bem-estar de mães de crianças de até um ano de idade. As respostas vão auxiliar a psicóloga Camila Bonfim (responsável pelo trabalho) e sua orientadora, a professora do PPGP/Ufes Valeschka Guerra, a investigar quais fatores contribuem para estratégias de enfrentamento mais adaptativas e maior bem-estar, de acordo com a percepção das mulheres participantes. “Iremos verificar a associação das estratégias mais utilizadas pelas mulheres com seu nível e bem-estar. Assim, poderemos construir intervenções adequadas para ajudá-las (as que gestam ou não) durante este período”, explica Guerra.

Mudanças intensas

Bonfim entende a transição para a maternidade como um período de intensas mudanças psicossociais na vida das mulheres, que demandam estratégias de enfrentamento adaptativas, como intervenções voltadas para a perinatalidade e a adaptação à maternidade. A pesquisadora tem envolvimento pessoal e profissional com temas ligados ao ciclo gravídico-puerperal e à maternidade, uma vez que teve sua primeira filha enquanto cursava graduação em Psicologia e a criança cresceu ao longo do curso de mestrado, ambos realizados na Ufes. Sua segunda filha nasceu em 2019, dois anos antes de Bonfim ingressar no doutorado. “Tudo isso fez com que eu circulasse por muitos espaços que discutiam a saúde materna e lutavam por tratamentos mais justos durante a gravidez, parto e puerpério”, lembra.

Segundo Guerra, a transição para a maternidade é um período marcado por uma mudança radical do padrão hormonal do organismo, alterando o sono, os relacionamentos sociais e outros fatores que impactam na qualidade de vida e no bem-estar das mulheres: “Além de afetá-las diretamente, caso não tenham apoio necessário, um período de puerpério dificultado pode afetar também a forma como se cuida da criança recém-nascida, seu desenvolvimento e o contexto de interações familiares”.

Intervenções

Por tudo isso, Guerra considera que um estudo sobre o impacto do puerpério no bem-estar das mulheres que acabaram de se tornar mães é muito relevante, tanto em benefício direto para as mulheres quanto no que diz respeito à contribuição científica: “Tais estudos podem embasar políticas públicas e intervenções profissionais acerca das necessidades e impactos deste período, possibilitando que profissionais forneçam orientações adequadas”.

Para entender como as vivências diversas da maternidade contribuem para o estresse e o bem-estar das mulheres, o estudo busca alcançar também mães de casais homossexuais (que não gestaram, mas que passaram pelo puerpério psicológico junto com suas parceiras) e mães em diferentes inserções socioeconômicas.

“Esperamos que a pesquisa informe fatores de proteção para o bem-estar e para um melhor enfrentamento ao estresse durante esse período da vida para que, dessa forma, profissionais de saúde possam pensar em intervenções que potencializem o bem-estar durante o puerpério”, finaliza.

Imagem: Freepik

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