Serviço de implante coclear da Ufes oferece oportunidade de escuta a pacientes

24/02/2023 - 14:46  •  Atualizado 27/02/2023 15:46
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Pioneiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e único do Espírito Santo a realizar procedimentos cirúrgicos de implante coclear e próteses auditivas ancoradas no osso, o Programa de Implante Coclear do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), que funciona em parceria com o Centro de Ciências da Saúde (CCS), é referência no estado e oferece tratamento para pacientes que não se beneficiam do aparelho auditivo.

Mais de 60 pessoas que apresentam deficiência auditiva já fizeram implante coclear pelo programa, que oferece atendimento especializado para inserção cirúrgica, avaliações, acompanhamentos clínicos interprofissionais e reabilitação fonoaudiológica. A equipe (formada por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros, assistente social e outros profissionais) realiza, ainda, pré-operatório de pessoas que são encaminhadas pela rede pública. Todo o serviço é custeado pelo SUS.

Sensação de audição

Popularmente conhecido como ouvido biônico, o implante coclear é um dispositivo implantável de alta complexidade tecnológica, utilizado para oferecer a sensação da audição em pacientes com deficiência auditiva profunda, substituindo a função da cóclea (órgão localizado na região do ouvido interno, responsável pela transformação dos sinais acústicos em sinais neurais).

O procedimento cirúrgico de implante do equipamento é indicado para pacientes de todas as idades, desde que se enquadrem em alguns critérios, como deficiência auditiva de grau severo a profundo do tipo neurossensorial nos dois ouvidos e que já não conseguem tantos benefícios para escutar os sons da fala por meio da utilização de aparelhos auditivos.

Este é o caso de Miguel (foto), de seis anos. O paciente utilizava aparelho auditivo desde bebê e, devido à progressão da perda auditiva, teve indicação da equipe do Programa para uso do implante coclear.

“Mês passado ele fez a cirurgia de implante em um dos ouvidos e, hoje, realizamos a ativação, que é o momento de ligar o dispositivo que dará a sensação de audição por meio de desenvolvimento de habilidades auditivas em que o cérebro dele receberá a estimulação elétrica para a sensação dos sons”, explica Fernanda Luiza Kill, co-coordenadora do Programa.

Miguel continuará em terapia fonoaudiológica para ser reabilitado, sendo acompanhado pela Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD/SUS) e pela Equipe de Referência em Atenção Especializada do Hucam-Ufes.

Mãe de Miguel e de João, outra criança que também utiliza o implante coclear, Betânia Silva considera importante o acompanhamento semanal que é realizado pela equipe da Ufes junto aos pacientes. “Miguel está no aprendizado entre escutar, entender e, futuramente, falar. Como o irmão dele implantou primeiro, ele ficou curioso. A reação dele hoje foi de muita felicidade. Quando ele viu a caixa do implante coclear, sorriu, bateu palma, reagiu aos sons. Muito lindo de se ver!”, comenta a mãe.

Alta complexidade

No Brasil, os centros de alta complexidade de referência do SUS (caso do Programa de Implante Coclear da Ufes) seguem a Portaria nº 2.776, de 2014, que aprova diretrizes gerais para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva.

Além de Fernanda Luiza Kill, coordenam o Programa os professores Henrique Ramos e Bernardo Ramos, do Departamento de Medicina Especializada do CCS, tendo parceria com o curso de Fonoaudiologia, na Clínica Interprofissional em Saúde (CEIS/Ufes). “Nossa Rede integra ensino, pesquisa e assistência, oportunizando às famílias acesso e desenvolvimento biopsicossocial, com políticas públicas em saúde e educação. Este é o papel da Universidade e que vem sendo construído com preceitos da formação em saúde da universidade pública”, conclui a professora da Fonoaudiologia Aline Almeida.

 

Texto: Adriana Damasceno
Foto: Programa de Implante Coclear
Edição: Thereza Marinho