Ufes promove palestra sobre assédio moral e outras violências psicológicas nesta quinta, 25

24/05/2023 - 15:35  •  Atualizado 25/05/2023 16:58
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Com o objetivo de conscientizar estudantes, servidores e trabalhadores em geral, a Ufes promove nesta quinta-feira, 25, a palestra Uma conversa sobre assédio moral e outras violências psicológicas na Universidade, a partir das 14h30, no Teatro Universitário. A palestrante convidada será a psicóloga do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Kátia de Lima.

O evento, dirigido à comunidade universitária, integra as comemorações dos 69 anos da Ufes. O público externo poderá acompanhar a palestra por meio do canal Ufes Oficial no YouTube.

Na ocasião, Kátia de Lima abordará tópicos como os conceitos de assédio moral e de violência psicológica, causas e estratégias de prevenção. A partir de estudos de caso fictícios, a paletrante promoverá reflexões que contarão com a participação da plateia. “Vamos debater se o caso é ou não é assédio”, explica a psicóloga.

Entre as causas mais comuns do assédio moral, segundo Lima, está “um contexto organizacional” que favorece as diversas formas de violência que ele pode assumir, como difamações e gritos frequentes no ambiente de trabalho ou de estudo. “São atos repetitivos – seja de colegas, de superiores ou subordinados – de humilhação, constrangimento ou isolamento que afetam a capacidade emocional da pessoa”, afirma.

As violências, explica a psicóloga, afetam a saúde da vítima de várias maneiras, desde sintomas físicos, como dores de estômago e de cabeça, até problemas emocionais graves, como depressão e síndrome do pânico. “Muitas vezes o burnout tem como base o assédio moral”, afirma. Segundo ela, esses modos de violência psicológica não afetam apenas a pessoa alvo, mas toda a equipe.

“Atrapalha as interações, fomenta competições. E afeta a sociedade como um todo porque, se a pessoa se afasta do trabalho por causa de assédio, isso gera custo social, afeta a produtividade da instituição, a qualidade da prestação de serviços. O assédio moral tem que ser visto como algo sistêmico”, diz.

Episódios de assédio moral, Lima alerta, são bem diferentes de conflitos cotidianos, previsíveis em relações pessoais e profissionais. “O conflito pode e deve ser gerenciado. Não tem como falar em gestão de assédio moral, ele precisa acabar. O conflito pode ser resolvido ali mesmo, já o assédio é muito maior, é um mal muito mais direcionado”, diz.

Componente brasileiro

Embora sejam, hoje em dia, temas mais presentes no debate público, assédio moral e outras violências psicológicas estão arraigados na cultura do trabalho. Segundo a psicóloga, essa normalização é fruto de uma cultura autoritária e intolerante com raízes históricas, por sua vez maximizada pelo sistema capitalista. Existe, ainda, um componente “brasileiro” que diferencia o assédio de outras culturas.

“Temos uma particularidade: o assédio no Brasil é muito mais subjetivo, psicológico, massacrante. As pessoas demoram a perceber porque ele não é escancarado. Isso tem uma origem histórica, que vamos abordar na palestra, até para relacionar a causas e prevenções”, adianta.

A psicóloga afirma que, pela natureza subjetiva da violência, pode ser difícil obter as provas necessárias para que o trabalhador ou o estudante denuncie o assédio que vem sofrendo. Lima recomenda que a vítima guarde e-mails, grave conversas e documente interações ou modos de isolamento – como não ser comunicado de uma reunião ou tarefa – para, em seguida, buscar ajuda na ouvidoria do local de trabalho. E, caso não seja acolhida, procurar a Justiça.

“Sei que isso é difícil, pois a pessoa só percebe que está sofrendo assédio quando está adoecida. O mais importante, em primeiro lugar, é buscar ajuda psicológica e se fortalecer, porque é um processo muito duro emocionalmente”, afirma.

 

Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho