Pesquisadores do Núcleo de Doenças Infecciosas da Ufes (NDI) pretendem identificar os biomarcadores que sinalizam organismos suscetíveis ou resistentes à tuberculose. O projeto, que é fruto da parceria científica com uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos, analisa as reações imunológicas de pacientes com tuberculose e de seus contatos diretos, suscetíveis à contaminação pela doença, que é transmissível por via aérea.
Os biomarcadores são indícios de doenças ou fatores fisiológicos de um indivíduo e geralmente se manifestam em fezes, urina, fluidos corporais ou nas composições genéticas, que podem contribuir ou não para o desenvolvimento de uma doença. Ao identificar os biomarcadores, as pessoas geneticamente suscetíveis poderão receber um tratamento preventivo, o que impedirá o agravamento da doença.
“Este estudo de caso-controle baseia-se na identificação de indivíduos expostos a casos de tuberculose com fenótipo de alta e baixa transmissão, e seus biomarcadores e concomitantes imunológicos associados. Vamos aplicar uma série de novas tecnologias para descobrir marcadores imunológicos associados ao fenótipo de alta transmissão”, detalha o coordenador da pesquisa, Moises Palaci.
Ele destaca que a colaboração científica da Ufes com a Universidade de Boston e a Universidade Rutgers, de Nova Jérsei, existe há mais de 20 anos. A atuação dos pesquisadores do NDI vai se concentrar nas pesquisas relacionadas à imunidade, transmissão e prevenção da tuberculose, enquanto a equipe americana vai contribuir com sua infraestrutura para que as análises de maior complexidade sejam realizadas. A parceria envolve, ainda, o intercâmbio de alunos e membros da equipe.
Teste genético
Outra contribuição da equipe internacional é o desenvolvimento do Predict29, um teste genético que pode prever a evolução para tuberculose ativa entre contatos próximos. Com tal recurso, será possível avaliar a persistência de assinaturas genéticas após a conclusão do tratamento de tuberculose e também avaliar a presença de lesões pulmonares assintomáticas por meio de uma tomografia (PET-CT) em indivíduos com assinatura genética positiva usando análise transcriptômica.
A pesquisa se inicia em um momento crítico referente à tuberculose no Brasil. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, o Brasil é o país com a maior quantidade de casos notificados de tuberculose nas Américas. Só no ano de 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram por tuberculose no país, um aumento de 4,9% comparado a 2021, segundo o Ministério da Saúde. Veja aqui o Boletim Epidemiológico divulgado este ano.
O projeto é fruto do Programa Institucional de Internacionalização da Ufes (PrInt-Ufes), com financiamento da Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que fomenta a produção de eventos, conferências e pesquisas com a parceria de universidades estrangeiras.
Texto: Ghenis Carlos Silva (bolsista de projeto de Comunicação)
Imagem: Agência Fiocruz de Notícias
Edição: Thereza Marinho